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Diretor minimiza ações e funcionalismo diz que falta negociar

Diretor-presidente da Paranaprevidência, Jayme de Azevedo Lima minimizou o impacto do passivo judicial se comparado ao projeto de reestruturação do plano de custeio do órgão. Segundo ele, cerca de 7 mil processos perderão o efeito, uma vez que tratam de vitórias judiciais de servidores para conseguir a equiparação dos pagamentos na porcentagem mínima (10%) – a máxima é de 14%. "Com a elevação da contribuição mínima para 11%, restarão aproximadamente 3 mil processos e o valor do passivo cairá bastante", projeta. "Mas são valores ínfimos perto dos ativos que temos. Trata-se de uma quantia que não aflige nosso balanço e certamente será regularizada até meados de 2013."

Negando que o processo de discussão do projeto enviado à Assembleia tenha sido atropelado, Lima argumenta que a mudança dará solvência à Paranaprevidência pelos próximos 75 anos, sem mexer em qualquer benefício dos servidores. "Estamos buscando o equilíbrio financeiro e atuarial da empresa a longo prazo e vamos conseguir por meio do novo plano de custeio", afirma. "Tanto que o Ministério da Previdência considerou nossa engenharia financeira criativa e um exemplo para outros estados."

Críticas

Já o coordenador do Fórum de Entidades Sindicais do Paraná e representante dos servidores no Conselho de Administração da Paranaprevidência, Heitor Raimundo, defende que o desconhecimento do órgão em relação ao próprio passivo judicial é uma prova de que a revisão do plano de custeio precisa ser melhor discutida. "Quanto isso custa para o sistema? Esse é um exemplo de que ainda não há um levantamento detalhado dos números para justificar a pressa do governo em aprovar a proposta", afirma.

Ele reconhece que a previdência estadual precisa passar por mudanças, mas defende que o Executivo aguarde ao menos até o primeiro trimestre do ano para fazer as alterações – o prazo estipulado pelo governo é o fim deste ano. "Quem esperou 14 anos – nesse governo, dois anos – pode esperar alguns meses a mais. Com diálogo, é possível avançar na proposta e não aprovar tantos pontos divergentes", diz.

A opinião é a mesma de João Marcos de Souza, vice-presidente sindical do Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita do Estado do Paraná. A entidade tem um passivo judicial com a Paranaprevidência estimado em quase R$ 600 milhões, em ações que envolvem 2,2 mil aposentados e pensionistas. "Uma mudança como essa não pode ser decidida pelo presidente de plantão ou por alguém que simplesmente ache necessário mudar. É preciso debater melhor o tema", cobra. (ELG)

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Em meio à polêmica em torno do projeto do governo do estado que prevê a reestruturação do plano de custeio da Paranaprevidência, o órgão ainda tenta levantar o montante exato do seu passivo judicial. Conforme licitação aberta no final de setembro, a empresa contratada vai analisar cerca de 10 mil processos e calcular o impacto financeiro das ações judiciais nas contas da previdência estadual. A concorrência serviu para acentuar as divergências entre o Executivo e o funcionalismo sobre a proposta de revisão da Paranaprevidência – órgão responsável por administrar e pagar as aposentadorias dos servidores estaduais e pensões dos dependentes deles (leia mais nesta página).

Segundo estimativa da própria Paranaprevidência, aproximadamente 39 mil autores compõem as ações judiciais que serão avaliadas. Do total de ações, conforme dados de outubro, cerca de 3 mil processos tramitam em 1.ª instância, 4,4 mil estão em fase de recurso e outros 2,3 mil já estão em fase de execução. Só um grupo de ações dos auditores da Receita está estimado em R$ 600 milhões.

A empresa que vencer a licitação – do tipo menor preço – para analisar essas ações receberá R$ 195 por processo. O preço final, portanto, pode chegar a quase R$ 2 milhões. Pelo edital, o contrato terá vigência de um ano, podendo ser prorrogado por até cinco anos. Por enquanto, a concorrência ainda está na fase de análise de recursos das participantes. De acordo com a Paranaprevidência, não há previsão para a definição da empresa vencedora do certame.

Mudanças

Além da incerteza em torno do passivo judicial do órgão, o governo do estado está pressionado pelo Ministério da Previdência e, sobretudo, pelo Tribunal de Contas do Estado (TC) para contornar o déficit técnico – diferença entre o que se tem e o que seria necessário para pagar os benefícios futuros – da previdência estadual. Hoje, esse "rombo" é calculado em R$ 7,3 bilhões. De acordo com o TC, o déficit é antigo e só nos últimos quatro anos cresceu 5.400%, "colocando em risco o sistema previdenciário dos servidores públicos estaduais".

Na tentativa de corrigir essa distorção, o Executivo enviou à Assembleia Legislativa na última quarta-feira um projeto de lei para reestruturar o plano de custeio da Paranaprevidência. Pela proposta, a contribuição mínima mensal dos servidores ativos passará de 10% para 11% do salário. Além disso, será criado um fundo de previdência específico para os policiais militares.

Inicialmente, a proposta também iria estipular a taxação de aposentados e pensionistas que recebam acima do teto do INSS – atualmente, R$ 3.916,20. Hoje, os funcionários inativos não pagam a previdência estadual – o Paraná é o único estado do país que mantém a isenção. No entanto, diante do impacto político negativo da mudança, o governador Beto Richa (PSDB) recuou e determinou que a alteração fosse retirada do texto da matéria.

A medida, que atingiria cerca de 22 mil inativos, traria até R$ 12,5 milhões por mês aos cofres da previdência estadual. Com a decisão de não mais aplicá-la, o governo estuda agora outros caminhos para recompor o fundo, como o repasse de patrimônio do estado e dos direitos de precatórios à Paranaprevidência.

10 mil processos

serão analisados pela empresas que vencer a concorrência do Paranaprevidência, e o preço máximo estabelecido pelo edital é de R$ 195 por ação judicial avaliada. O preço final do contrato, portanto, pode chegar perto dos R$ 2 milhões e pode ser prorrogado por cinco anos.

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