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O governo iniciou a ofensiva para que o projeto que cria a Comissão da Verdade passe pelo Senado já na próxima semana, em regime de urgência e sem mudanças. A comissão investigará e narrará as violações aos direitos humanos ocorridas entre 1946-1988. A proposta foi aprovada nesta semana na Câmara. Ontem, o ministro da Defesa, Celso Amorim, tentava combinar com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), qual o melhor dia para a votação.

Negociando o projeto há meses com senadores, o governo afirma que a tramitação agora deve ser mais tranquila do que a que ocorreu na Câmara, onde teve de aceitar emendas do DEM e do PSDB, cedendo em relação à vontade inicial da presidente Dilma Rousseff. Eventuais mudanças no texto farão com que o projeto da comissão volte para a Câmara.

Nomes

A presidente enviou um recado aos ministros envolvidos com a comissão: eles não de­­vem alimentar nenhuma especulação sobre o nome de personalidades que podem ser convidadas para integrar o futuro colegiado.

Após uma sondagem inicial com o PSDB, o governo deverá propor o nome do tucano Aloysio Nunes, que foi perseguido politicamente durante a ditadura militar, para o cargo de relator da proposta.

Apesar dos esforços do go­­­verno para evitar especulações em torno dos nomes que serão indicados pela presidente Dil­­­ma para compor a Comissão da Verdade, o debate em torno do assunto tende a aumentar. Na opinião de militantes da área de direitos humanos, o perfil dos sete escolhidos será decisivo para definir o andamento e o sucesso dos trabalhos.

FHC

O ex-ministro-chefe da Casa Civil e deputado federal cassado José Dirceu disse que não se opõe à participação do ex-presidente Fernando Henri­­­que Cardoso na comissão, mas diz acreditar que o tucano não estaria disposto a abrir mão de sua agenda para atuar no grupo. "Não vejo nenhuma oposição, ele tem todas as condições, mas não é o caso de se colocar um ex-presidente da República numa comissão que vai ter um trabalho que ele não pode fazer porque ele tem outras funções. Não vejo nenhuma razão para vetar nenhum nome, inclusive o dele", disse. Dirceu também se colocou à disposição da presidente Dilma Rous­­seff para colaborar com os trabalhos da comissão. "Vou estar às ordens, vou sempre colaborar", afirmou.

Para o ex-ministro, o volume de documentos a serem analisados (cerca de 26 milhões de documentos) pela comissão vai exigir o apoio de centenas de pessoas, principalmente pesquisadores, sindicatos e ONGs. O texto aprovado prevê que a comissão terá sete integrantes, indicados pela presidente, e apenas 14 assessores. Ele defendeu que a comissão também receba recursos fora do orçamento da União. "O orçamento não precisa ser só público, pode ter orçamento de fundações, doações. Pode-se mobilizar milhares de pessoas para trabalhar, como vai acontecer", previu.

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