O ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, apontado pelo governo como uma espécie de porta-voz na crise, confirmou que o ministro da Secretaria do Governo, Ricardo Berzoini, tratou do tema com os líderes.| Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

O governo chamou os líderes da base na Câmara dos Deputados para uma segunda reunião na tarde desta quinta-feira, e pediu atenção na nomeação dos membros da comissão especial que analisará a abertura de um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, para que os escolhidos tenham afinidade com o Planalto, disseram parlamentares presentes ao encontro.

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Notificação de impeachment de Dilma já foi recebida pelo Planalto

A notificação do processo de impeachment que foi encaminhada para a presidente Dilma Rousseff já foi devidamente recebida pelo Palácio do Planalto. A documentação foi entregue à subchefia de Assuntos Parlamentares da Presidência da República no fim da tarde desta quinta-feira, 3, após a leitura do parecer que autorizou a abertura do processo, feita pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, em Plenário.

De acordo com o informado por Cunha durante a leitura, a presidente Dilma terá até dez sessões para apresentar sua defesa formal à comissão especial. O prazo será contado a partir da data da eleição dos membros da comissão, ou seja, a partir de segunda-feira. Com a defesa apresentada, a comissão especial terá até cinco sessões para proferir o parecer pela procedência ou não do processo.

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O pedido foi compreendido pelos líderes, mas não é de fácil execução, explicaram dois parlamentares presentes ao encontro. “É um processo atípico e precisa ter um tratamento atípico, mas não é fácil”, disse um dos deputados. “Não é assim, não são os líderes que fazem o que querem, tem a demanda da bancada”, explicou outro.

O ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, apontado pelo governo como uma espécie de porta-voz na crise, confirmou que o ministro da Secretaria do Governo, Ricardo Berzoini, tratou do tema com os líderes. “É claro que a preocupação imediata é com a indicação dos membros da comissão especial. São 65 membros, e claro que queremos colocar pessoas que tenham a capacidade de argumentação e debate sobre esse tema”, afirmou o ministro. “Todo mundo sabe que o entendimento é que não é um processo político exclusivamente, ele se lastreia no texto constitucional, depende de uma questão jurídica e evidentemente política”, acrescentou.

O líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), disse escolherá nomes de “perfil moderado” para as vagas do partido. “Serão nomes moderados, e não os mais polarizados de um lado ou de outro”, explicou.

Apesar de integrar a base aliada do governo, o PMDB tem em sua bancada da Câmara parlamentares mais próximos ao presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e que não são alinhados ao Palácio do Planalto.

Picciani deixou aberta a possibilidade de ele próprio integrar o grupo, a exemplo do que já anunciaram outros partidos --caso do PSDB-- que colocarão seus líderes entre os representantes na comissão.

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Antes mais próximo de Cunha, o líder do PMDB tem se aproximado do governo desde a reforma ministerial, quando abriu um canal de diálogo direto com a presidente e conseguiu emplacar a indicação de dois nomes: Celso Pansera, para Ciência e Tecnologia, e Marcelo Castro, para a Saúde.

Os partidos com bancada na Câmara terão de indicar até as 14h de segunda-feira os nomes dos integrantes da comissão especial, que terá reunião no mesmo no mesmo dia, às 18h, para e eleição do presidente e do relator.

PMDB e PT são os partidos que ocuparão a maior quantidade de vagas, com oito membros cada um. Maior partido da oposição, o PSDB terá seis deputados.

PP, PSD, PR e PSB terão quatro representantes cada um. O PTB terá três nomes. Com dois representantes estão legendas como DEM, PRB, PDT, Solidariedade, PSC e Pros. Um grupo de partidos contará com apenas um deputado cada um na comissão: PMB, PcdoB, PPS, PV, PHS, PSOL, Rede, PTN, PMN, PEN, PTC e PTdoB.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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