O governo do estado vai tentar convencer os deputados estaduais Durval Amaral (PFL) e Mário Sérgio Bradock (PMDB) a desistir de disputar a eleição para conselheiro do Tribunal de Contas do Estado e deixar o caminho livre para o vice-governador Orlando Pessuti (PMDB), candidato do governador. A eleição está marcada para a próxima terça-feira.
O líder do governo, Dobrandino da Silva (PMDB), afirmou ontem que vai pedir ajuda ao presidente da Assembléia Legislativa, Hermas Brandão (PSDB), para que interceda junto aos dois deputados. Brandão já anunciou publicamente que vota em Pessuti.
O argumento é de que o nome é consenso na Assembléia Legislativa e prestou grande serviço ao Paraná como deputado e vice-governador. "Como tem grande possibilidade de Pessuti ganhar, os concorrentes poderiam evitar um desgaste desnecessário. Vou pedir para Durval e Bradock se afastarem da disputa", disse Dobrandino.
Dos 23 inscritos para a eleição, Bradock, Amaral e a procuradora jurídica da Universidade Federal do Paraná, Dora Lúcia de Lima Bertúlio, são os únicos que devem ter votos além de Pessuti. Como a votação é secreta, o governo não quer correr o risco de ter que enfrentar um segundo turno.
Se os 54 deputados estiveram presentes no dia da votação, o candidato terá que fazer 28 votos para vencer no primeiro turno. Caso contrário, será realizada na seqüência uma nova eleição entre os dois mais votados.
A mobilização do governo começou depois do susto na votação de terça-feira, quando foram registrados 31 votos favoráveis e 15 contra a nomeação do procurador-geral de Justiça, Milton Riquelme de Macedo, indicado pelo governador Roberto Requião (PMDB).
Os votos contrários foram da própria base do governo. O deputado Dobrandino da Silva nega que haja insatisfação na bancada aliada, mas reconhece que o resultado foi surpresa. "Não fiz esforço para a votação do Riquelme porque não imaginei que fosse apertada", justificou.
O deputado diz não acreditar que o placar se repita na eleição de conselheiro do TC. "Confio que os aliados vão votar no Pessuti". O governo tem maioria nas votações e contabiliza de 30 a 35 votos, mas Dobrandino prefere não arriscar quantos estão garantidos nessa eleição.
Dois governistas já declararam voto a Bradock, que decidiu concorrer por não concordar com o processo de indicação de Orlando Pessuti. "Ele está radical em não desistir, mas vou implorar", disse Dobrandino. "Se um candidato vai ter três ou quatro votos, para que disputar?".
O deputado Durval Amaral, que é presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), tem os oito votos da oposição e outros que devem ser revelados só na urna. A bancada do PPS, com cinco parlamentares, anunciou que vai votar na procuradora da UFPR, Dora Lúcia de Lima, que também tem o apoio de Neivo Beraldin (PDT).
Os nove deputados do PT têm reunião segunda-feira para discutir o apoio na eleição. Segundo Tadeu Veneri, a maioria também tende a fechar com a advogada, que representa os afro-descendentes.
Dora Lúcia aproveitou a sessão de ontem para pedir votos para os deputados e argumentar a necessidade de ser indicado alguém sem mandato para o Tribunal de Contas. "O cargo não deveria ficar restrito só para a classe política, mas aberto para outros setores da sociedade que também podem contribuir na análise das contas e na renovação do tribunal", afirmou. A grande maioria dos conselheiros são ex-deputados.
A advogada questionou também a interferência do governo na indicação que é da Assembléia Legislativa. "Até quando vamos ter questões prontas sem discussão prévia?".
A comissão especial responsável por testar os conhecimentos e avaliar se os candidatos atendem às exigências da lei, está promovendo reuniões para entrevistar todos os inscritos. Ontem, foram ouvidos 14 candidatos.
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