Reação
Para oposicionistas, presidente passa a responder por eventual irregularidade de Graça
Líderes da oposição reagiram às declarações da presidente Dilma Rousseff em defesa da permanência da presidente da Petrobras, Graça Foster, no cargo. Para os oposicionistas, Dilma passa a responder diretamente pelas irregularidades na estatal ao fazer a defesa enfática da atual direção da estatal. "Essa insistência em manter a diretoria caracteriza um vínculo acima do esperado. Diante desse fato, a presidente passa a assumir 100% de tudo o que for praticado na Petrobras pela Graça Foster", disse o líder da minoria no Congresso, deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO). "Dilma Rousseff passa a responder por tudo o que foi feito por essa quadrilha instalada na Petrobras." Para o líder do PSDB na Câmara Federal, Antônio Imbassahy (BA), a manutenção de Graça no comando deixa a empresa sem autonomia para fazer uma investigação isenta. Segundo o tucano, a presidente da empresa foi omissa e conivente com o esquema. O senador Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou que a presidente Dilma não tem mais o "direito a desculpas" pelos escândalos na Petrobras. Para Aécio, a permanência da presidente da estatal é "totalmente inviável".
Confrontada com novas denúncias envolvendo a Petrobras, a presidente Dilma Rousseff saiu ontem em defesa da presidente da estatal, Graça Foster. Dilma disse que não há provas de irregularidades cometidas por Graça e que não pretende demiti-la. Apesar disso, a presidente da República afirmou que vai mexer na composição do conselho de administração da Petrobras.
As declarações de Dilma foram dadas na manhã seguinte à exibição, pelo programa Fantástico da Rede Globo, da entrevista da ex-gerente-executiva da Petrobras Venina Velosa da Fonseca. À Globo, Venina disse ter informado pessoalmente Graça Foster das irregularidades que ocorriam na estatal. A presidente da Petrobras, em entrevista ao Jornal Nacional, negou ontem que isso tenha ocorrido.
"Tem de ter alguma prova apresentada sobre qualquer conduta da presidente da Petrobras, Graça Foster. Eu conheço a Graça, sei da seriedade, da lisura da Graça. Acho que é importante saber qual é a prova que se apresentou [contra a presidente da Petrobras]. Porque se eu disser que te falei [sobre irregularidades], o que eu quero? Eu tenho de provar que falei", disse Dilma durante café da manhã de fim de ano ofertado a jornalistas que cobrem o Palácio do Planalto.
"É muito difícil ter uma situação confortável quando existe a prática de condenar sem dar espaço para defesa. É muito difícil, sem perguntar pelas provas, nem pelos interesses. É muito fácil criar situação de constrangimento para qualquer um", complementou Dilma. "A Graça é uma pessoa ética."
A presidente disse ainda que Graça Foster colocou o cargo à disposição. "Eu falei para ela que, do meu ponto de vista, isso não era necessário. É óbvio que o cargo de todas as pessoas do governo estão à minha disposição. O fato de isso ocorrer é uma consideração comigo", disse Dilma.
A petista também afirmou não ter a intenção de demitir Graça ou qualquer outro diretor da estatal por não ver nenhum indício de irregularidade cometido por eles. "Eu não estou pretendendo alterar a diretoria da Petrobras, não estou pretendendo. Alterarei o conselho de administração da Petrobras", disse a presidente. O conselho é responsável por aprovar ou rejeitar o plano de investimentos da estatal, mas não o executa função cuja atribuição é da diretoria. Apesar das declarações da presidente, integrantes do próprio governo afirmam que a saída de Graça Foster é iminente e deve ocorrer no ano que vem.
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