As gravações feitas por Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, realizadas em novembro de 2015 criaram uma nova tendência que fez sucesso em 2016: a divulgação de gravações como provas de esquemas de corrupção.
Neste ano, a estratégia foi amplamente usada em diversos casos e ajudaram a agravar a crise política vivida no país.
Veja os principais episódios:
Lula
Era março de 2016 e o país vivia um grande momento de incerteza. A presidente Dilma Rousseff (PT) lutava para se manter no cargo e vencer a batalha do impeachment enquanto Lula tentava driblar as investigações da Polícia Federal (PF) que poderiam complicar a vida do ex-presidente.
A saída para ambos foi Lula assumir a Casa Civil e assim garantir prerrogativa de foro, além de ajudar no diálogo com o Congresso.
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Leia a matéria completaUm dia antes da posse, porém, o juiz Sergio Moro divulgou o conteúdo de interceptações telefônicas envolvendo o ex-presidente – pela primeira vez na história da Lava Jato em áudio ao invés de transcrições – e virou o país de cabeça para baixo.
Na gravação, gripada, Dilma dizia que estava enviando por “Bessias” (Jorge Rodrigo Araújo Messias, assessor da presidente) o termo de posse assinado para Lula usar “em caso de necessidade”. O diálogo foi interpretado como tentativa de obstruir a Justiça. A interceptação, porém, causou polêmica porque foi feita depois da ordem de Moro para interromper o grampo.
Lula acabou não assumindo o Ministério e responde a um processo em Brasília por tentativa de obstrução da Justiça.
Delcídio do Amaral
Depois de ser preso graças a uma gravação feita por Bernardo Cerveró, o ex-senador Delcídio do Amaral resolveu usar a mesma tática ao firmar também um acordo de colaboração premiada. Ele entregou aos procuradores da Lava Jato uma gravação feita por um dos seus assessores mais próximos em uma conversa com o ex-ministro da Educação Aloizio Mercadante.
Na gravação, Mercadante elogia Delcídio, diz que ele segurou várias broncas do PT. E promete falar com o presidente do Senado, Renan Calheiros, para construir uma saída junto ao Supremo que permitisse suspender a prisão de Delcídio. Mercadante se colocou à disposição para ajudar.
Michel Temer
Em meio à crise política vivida pelo país e as vésperas do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), o então vice-presidente Michel Temer (PMDB) enviou de maneira equivocada áudio no qual antecipou discurso sobre vitória no impeachment.
Em mensagem de quase 15 minutos enviada a parlamentares do PMDB, Temer disse que, “aconteça o que acontecer”, é preciso se construir um governo de “salvação nacional” e alertou que haverá “sacrifícios” para retomar o crescimento
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Leia a matéria completaDepois que a gravação repercutiu em todo o país, o peemedebista explicou que, a pedido de companheiros do partido, gravou discurso que poderia fazer caso o pedido de afastamento da presidente Dilma Rousseff fosse aprovado no plenário da Câmara dos Deputados.
Na hora de repassar para um amigo, no entanto, acabou enviando a um grupo de parlamentares peemedebistas.
Sergio Machado
Quem também aproveitou a onda das gravações foi o ex-diretor da Transpetro Sergio Machado. Após firmar um acordo de colaboração premiada, ele partiu “a campo” para gravar conversas comprometedoras com políticos.
Em um dos áudios, o senador Romero Jucá (PMDB) diz que é preciso “estancar a sangria” da Lava Jato. O episódio levou à demissão do peemedebista do Ministério do Planejamento de Temer. Foi o primeiro ministro a cair por causa da Lava Jato.
O segundo foi Fabiano Silveira, ministro da Transparência, também flagrado nas gravações de Machado. Silveira criticava a Lava Jato e discutia com Renan estratégias para que o senador escapasse das investigações.
As gravações de Machado resultaram em um pedido de prisão por parte da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra figurões do PMDB: o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha; o presidente do Senado, Renan Calheiros; o senador Romero Jucá e o ex-presidente e ex-senador José Sarney.
Marcelo Calero
Pivô de uma crise política que levou à saída de Geddel Vieira Lima do cargo de ministro da Secretaria Geral do Governo, o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero gravou conversas com o presidente Michel Temer (PMDB) e outros ministros do governo antes de pedir demissão.
Calero afirmou à Polícia Federal ter sido pressionado pelo presidente Temer a liberar um empreendimento imobiliário em Salvador para favorecer Geddel Vieira Lima e disse aos investigadores que tem conversas gravadas para comprovar as acusaçõe
. Foram alvos do “grampo” de Calero o próprio presidente Temer, o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, e o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha.
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