Brasília (AE) As denúncias contra os apadrinhados do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) na Polícia Rodoviária Federal surgiram graças a gravações da Polícia Federal feitas com autorização judicial. Os grampos revelam que os policiais rodoviários operavam um esquema de liberação irregular de caminhões e carretas apreendidas e também que havia uma disputa entre policiais indicados pelo PTB e pelo PT pelo controle de postos-chave no esquema de liberação de cargas. O próprio Jefferson é flagrado nas conversas fazendo tráfico de influência.
As gravações estão sob segredo de Justiça e anexadas ao processo da Operação Poeira no Asfalto, que tramita na 2.ª Vara Federal do Rio de Janeiro. Apesar do material explosivo, a PF só prendeu um dos policiais que aparecem nas conversas. O superintendente da Polícia Rodoviária Federal no Rio, Antônio Carlos Correa, é um dos que permanecem no cargo. Ele foi indicado por Jefferson e aparece nas gravações ordenando a liberação de uma carreta. "É um pedido do parlamentar de Petrópolis", explica ao subordinado, referindo-se a Jefferson, natural da cidade.
Os interlocutores mais freqüentes nos diálogos são os policiais Luís Carlos Roque e Fátima Pino de Souza. O primeiro era gerente da Polícia Rodoviária Federal no município de Itaguaí e ela é presidente do Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais do Rio de Janeiro. Os dois combinam acertos, liberam veículos, participam de campanhas do PTB e até discutem política com assessores do partido. "Todo policial rodoviário tem de ser leal ao deputado", diz Roque nas gravações. "O Roberto sempre foi meu padrinho." Fátima aparece participando de todas as combinações e diz viajar freqüentemente a Brasília para tratar dos interesses da turma. Ela chega a liberar um caminhão em troca de quilos de lagosta e camarão.