Grandes companhias fecharam contratos com uma empresa fantasma do ex-deputado André Vargas. Na casa do irmão e sócio Leon Vargas, a Polícia Federal encontrou cópias de acordos entre a LSI Solução, de propriedade dos Vargas, com a concessionária Ecovias e a indústria mecânica Jumbo, que presta serviços para clientes como a BR Distribuidora e a Itaipu. Os documentos foram apreendidos quando os irmãos foram presos, na sexta-feira (10).
A Ecovias pagou R$ 46,9 mil para a LSI para “consultoria em seleção e colocação de mão de obra”, segundo a própria empresa. A concessionária, que administra a rodovia que liga São Paulo ao litoral daquele estado, faz parte do mesmo grupo que atua no Paraná. No estado, a holding é responsável pela Ecovia, que responde pela estrada que liga Curitiba ao litoral, e a Ecocataratas, entre Guarapuava e Foz do Iguaçu.
Em nota, a Ecovia afirmou que prestou informações sobre o contrato para a Receita Federal e está à disposição para esclarecimentos. A reportagem questionou se a LSI efetivamente prestou os serviços para os quais foi contratada, mas a empresa não respondeu.
Já a Jumbo é sediada em Assaí, no Norte do estado, cidade natal dos irmãos Vargas. A empresa pagou R$ 430 mil à LSI entre 2010 e 2011 por serviços de consultoria comercial. Segundo o diretor, Marco Bomtempo, o acordo foi feito diretamente com Leon, que teria prestado um “excelente serviço” que teria aumentado o lucro da empresa.
Segundo Bomtempo, Leon fazia contato com empresários do ramo tecnológico que poderiam incrementar os serviços da Jumbo. “Existem notas fiscais, impostos recolhidos, tudo foi feito dentro da legalidade”, afirma o diretor.
Bomtempo é presidente municipal do PTB e irmão de Michel Bomtempo, ex-prefeito de Assaí pelo PMDB. Ele diz que sua família conhece Leon e André Vargas desde a infância, mas que “são inimigos” no âmbito da política. “Algum tempo atrás tive a visita de duas auditoras da Receita, entreguei o contrato e prestei os esclarecimentos necessários. Me estranha esse contrato ser encontrado em outro lugar que não nas mãos da Receita”, disse Bomtempo sobre o fato de o documento ter sido apreendido na casa de Leon.
JBS
A JBS, maior indústria de carnes do mundo, depositou R$ 200 mil para outra empresa de fachada dos Vargas, a Limiar. A empresa confirma o pagamento por serviços prestados em 2010. Segundo o MPF, nem a LSI e nem a Limiar tinham funcionários ou funcionavam adequadamente.
É a segunda vez que a JBS aparece com depósitos suspeitos. No fim de 2014, a quebra de sigilo bancário de uma empresa sediada em São José dos Pinhais, na Grande Curitiba, mostrou depósitos no valor global de R$ 800 mil pela companhia. De acordo com a PF, a conta seria usada para lavagem de dinheiro.
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