Entre as dezenas de imóveis que o governo do Paraná pretende vender está a Granja do Canguiri, residência oficial do governador Beto Richa (PSDB). O imóvel de 27 mil metros quadrados em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, está avaliado em R$ 5,2 milhões. Além de classificar o negócio como absurdo, a bancada de oposição na Assembleia Legislativa questiona a venda de outros terrenos, como três áreas de preservação de manancial em Piraquara.
Líder do governo diz que área não está à venda
Questionado sobre a decisão do Executivo de vender a Granja do Canguiri, o líder do governo, deputado Luiz Claudio Romanelli (PMDB), disse que a área fez parte, na verdade, dos estudos da Secretaria da Administração sobre possíveis imóveis para venda. No total, são dez áreas que constam numa tabela anexada equivocadamente ao texto, de acordo com o peemedebista. “Nunca se cogitou vender o Canguiri. Foi um erro no envio do projeto. O governo precisa tomar mais cuidado com esse tipo de situação, que confunde e desinforma a opinião pública”, declarou.
Mais uma vez, o peemedebista defendeu a proposta do Executivo e disse que os imóveis que serão postos à venda não tem utilidade para o estado, a exemplo de medida idêntica que vem sendo tomada pelo governo federal. Afirmou ainda que os R$ 100 milhões que se pretende arrecadar serão aplicados em projetos de infraestrutura.
Sobre as acusações da oposição de que há direcionamento em relação ao terreno da Codapar, em Ponta Grossa, o parlamentar cobrou que os colegas apresentem denúncia ao Ministério Público se tem conhecimento desse fato. “Tudo ocorrerá por meio de leilão a quem se interessar, de forma pública e transparente”, defendeu. Em relação à área, ele afirmou que o dinheiro será usado para pagar passivos trabalhistas de antigas empresas do estado que foram absorvidas pela Codapar.
Localizado na Estrada da Graciosa, o Canguiri foi a residência do ex-governador Roberto Requião (PMDB) entre 2003 e 2010. Da mesma forma, o pai de Richa, José Richa, viveu no local de 1983 a 1986, enquanto esteve à frente do Executivo paranaense.
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Beto Richa, porém, não quis morar na Granja e vive com a família em sua casa, um prédio no bairro Ecoville, em Curitiba – sem custos para o estado, segundo a Casa Civil. Conforme reportagem publicada pela Gazeta do Povo em agosto, o local está vazio e tem sido usado esporadicamente para reuniões, ao custo de R$ 87 mil por ano.
Críticas
Líder da oposição, o deputado Tadeu Veneri (PT) não poupou críticas ao projeto do Executivo, que tramita em regime de urgência. Ele questionou, por exemplo, a decisão de vender dois terrenos que somam 54,6 mil metros quadrados, no bairro Tarumã, em Curitiba, por pelo menos R$ 14,9 milhões. Próximo às áreas, será inaugurado, em 2017, o maior shopping de Curitiba. Também indagou por que três imóveis – em Curitiba, Maringá e Paranacity − sequer trazem o valor em que estão avaliados.
Para o petista, porém, a venda dos 61 imóveis é apenas uma “cortina de fumaça” para mascarar a negociação de um 62.º terreno, pertencente à Companhia de Desenvolvimento Agropecuário do Paraná (Codapar), localizado em Ponta Grossa. A medida está prevista em um anexo ao texto encaminhado à Assembleia. A área conta com várias edificações, como silos, e fica no Distrito Industrial da cidade dos Campos Gerais – o projeto não apresenta o valor mínimo do negócio.
Veneri ressaltou que, futuramente, passará pelo local a ligação ferroviária de Maracaju, no Mato Grosso do Sul, a Paranaguá, no litoral paranaense. “Essa é a cereja do bolo. Tenho certeza de que há direcionamento. Eu não sei para quem o estado vai vender a área, mas quem vai comprar certamente sabe que vai comprar”, afirmou. “É o feirão do Carlos Alberto Richa, uma confissão definitiva de que o Paraná chegou ao fundo do poço.”
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