Numa conversa com Marcelo Calero, o secretário de Assuntos Jurídicos da Casa Civil Gustavo Rocha transmite suposto recado do presidente Michel Temer para que então ministro da Cultura entregue à Advocacia Geral da União (AGU) a decisão de liberar as obras do La Vue, prédio de luxo em Salvador, onde o ex-ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) tem um apartamento.
No diálogo, Rocha diz que vai entrar com recurso no Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), que embargara as obras. Em seguida, o secretário reproduz conversa que teria tito com Temer antes de falar com Calero. A conversa gravada foi enviada ao STF.
Pivô de crise, Calero diz ‘não tolerar a esculhambação que é a política do nosso país’
Leia a matéria completa“É, e o que ele me falou pra... pra falar era: ’veja se ele encaminha, e num precisa fazer nada, encaminha pra AGU’. Falou isso comigo ontem, né? Aí eu falei ’não, eu falo isso com ele”, diz Rocha para o ex-ministro da Cultura.
“Bom... tá, eu vou... eu vou fazer uma reflexão aqui, Gustavo”, responde Calero.
Horas depois da conversa, Calero deixou o governo. O ex-ministro também gravou um diálogo com Temer. Na conversa, Calero pede demissão pela segunda vez. Temer disse que não via motivos para a saída do ex-ministro, mas afirma entender a decisão do auxiliar.
“Tudo bem. Se você não... se é sua decisão (viu, o Calero), tem que respeitar. Ontem acho que até fui um pouco inconveniente, né? Insistindo muito pra você... pra você permanecer é.. confesso que não vejo razão pra isso mas você terá as suas razões”, afirmou Temer.
“Sem dúvida”, respondeu Calero.
Logo depois de deixar o governo, Calero prestou depoimento espontâneo à PF em que acusa Temer, Geddel, o ministro da Casa Civil Eliseu Padilha de fazer pressão para que ele liberasse as obras do La Vue, mesmo sabendo do parecer técnico do Iphan contra o empreendimento numa área histórica de Salvador.
A partir do depoimento e das gravações, o Supremo Tribunal Federal (STF) deverá decidir se autoriza a Polícia Federal a abrir inquérito para apurar o caso. A deliberação do tribunal terá como base parecer do procurador-geral da República Rodrigo Janot sobre o assunto.
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