A pedido da CPI do Tráfico de Armas, a Polícia Federal fez escutas telefônicas que revelaram como funciona o contrabando de metralhadoras, fuzis e explosivos de países vizinhos para o Brasil.
Feitas há quatro meses com autorização da Justiça, as gravações mostram conversas entre Jair Oliveira, conhecido como "Jair Cabeludo", e considerado o chefe da principal quadrilha de assaltos a bancos e carros-fortes do sul país, e Marcelo Fetter, contrabandista de armas e munição. Jair estava na fronteira do Brasil com o Uruguai. Marcelo, na serra gaúcha. Os dois tratam de negócios por meio de códigos. Segundo a polícia, quando falam em pedras, plástico e fermento em pó, os bandidos se referem, na verdade, a balas e explosivos.
Em uma gravação, Marcelo e Jair negociavam a compra de um fuzil HK 47, de uso exclusivo das forças armadas, e até um carro usado foi oferecido como pagamento. Jair Oliveira informou que um oficial do exército uruguaio daria cobertura para as ações da quadrilha desviando armas e munição.
Em outra ligação, Marcelo informou o preço das armas, que variavam de R$ 2 mil a R$ 8 mil.
Segundo a CPI, a maior parte dessas armas é produzida no Brasil e exportada para países da América do Sul. Depois, elas retornam contrabandeadas.
- Essas armas vêm para a zona de fronteira, onde não existe quase nenhum controle e ali é onde o crime vai abastecer, onde existe o shopping do tráfico de armas - explicou o deputado Raul Jungmann, sub-relator da CPI do Tráfico de Armas.
- A CPI conseguiu realizar mapeamento inédito das rotas e vamos apresentar um conjunto de propostas que, se implementadas, reduzirão de forma drástica as facilidades que hoje têm - afirmou o deputado Paulo Pimenta, relator da CPI do Tráfico de Armas.