Investigadores da Operação Pripyat, deflagrada nesta quarta-feira (6) e que apura o pagamento de propina a funcionários da Eletronuclear, encontraram gravações que indicam que houve destruição de provas por uma das suspeitas de participar do esquema.
Os diálogos foram exibidos no “Jornal Nacional”, da TV Globo, nesta quinta-feira (7). Neles, Ludmila Gabriel Pereira, sócia da empresa Flexsystem e presa temporariamente na operação, diz que iria queimar papéis. Para a investigação, ela falava de documentos que comprovariam as irregularidades.
Os interlocutores não foram identificados. “Eu vou aí, deixa só eu terminar de fazer uma fogueira aqui que eu estou fazendo”, diz em uma conversa por telefone gravada em abril. “Ah, eu estava rasgando papel, sabe? Eu só estou aqui numa leva aqui agora, a fogueira tá alta já”, explica na ligação.
Em outra gravação, ocorrida em maio, ela afirma que a parte principal já havia sido queimada. “Acho que já foi, já foi tudo, graças a Deus. Agora a gente fica mais sossegada também”, comentou.
Segundo a investigação, a Flexsystem era a responsável pelo pagamento de propina a Luiz Antônio de Amorim Soares, ex-diretor da Eletronuclear. Ele é um dos seis ex-funcionários acusados de dividir propina paga pela empreiteira Andrade Gutierrez.
A suspeita é que a quadrilha tenha movimentado até R$ 48 milhões, o equivalente a 4% do valor do contrato da construtora nas obras da usina de Angra 3.
O principal alvo da operação, que é um desdobramento da Lava Jato, é almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, ex-presidente da estatal.
Em prisão domiciliar decorrente de outra operação da PF, Silva foi localizado pelos agentes em sua residência na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, e teve prisão foi convertida em preventiva.
O substituto do almirante no cargo, Pedro Diniz Figueiredo, foi alvo de um mandado de condução coercitiva e afastado da presidência da empresa. Ele é suspeito de interferir em sindicâncias da subsidiária sobre irregularidades envolvendo o antecessor.
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