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A Polícia Federal recebeu na manhã desta segunda-feira, em São Paulo, um carregamento de 29 metros cúbicos de madeira ilegal da Amazônia comprada em Rondônia por ativistas do Greenpeace para revelar como funciona esse mercado irregular no Brasil. A carreta chegou à sede da PF às 10h30. A PF apreendeu a carga e determinou a abertura de inquérito para investigar a extração, venda e transporte ilegal de madeira da Amazônia.

- Nós esperamos chamar a atenção da sociedade para a questão da extração ilegal de madeira na região e pedir para que sejam tomadas as medidas necessárias para que a legislação seja cumprida e esse tipo de crime florestal não se repita - afirmou Rebeca Lerer, ativista do Greenpeace que participou da ação.

A investigação do Greenpeace começou há quatro meses em Rondônia. Ativistas da entidade se apresentaram a madereiros locais como interessados em comprar madeira e levar para São Paulo. Eles estavam acompanhados de equipes da TV Globo, que filmaram toda a ação com câmeras escondidas. A reportagem foi veiculada no programa Fantástico na noite de domingo.

Além da madeira ilegal, o Greenpeace entregou à PF em São Paulo documentos utilizados na 'legalização' da madeira, como notas fiscais e Autorizações de Transporte de Produto Florestal (ATPFs) compradas de um 'atravessador', além de um dossiê com locais, nomes de pessoas e empresas envolvidas na extração.

A ATPF e a nota fiscal foram emitidas pela empresa Brastimber Exp. Imp. Ltda. De acordo com o Ibama, em 2005 a empresa recebeu um Auto de infração número 199735/D de R$ 33.700 por receber e vender 336,8 metros cúbicos de madeira em tora com ATPFs furtadas.

O Greenpeace pediu ainda ao Ministério Público Federal, em Rondônia e em São Paulo, que apure as denúncias.

- Esperamos que o caso ajude o governo federal a corrigir as falhas do atual sistema de monitoramento e controle da atividade madeireira na Amazônia sob responsabilidade do Ibama - afirmou Paulo Adário, coordenador da campanha Amazônia do Greenpeace.

O caminhão com a madeira ilegal comprada pela entidade ambientalista percorreu mais de 3 mil quilômetros de rodovias federais e estaduais, atravessou três divisas interestaduais e dois postos de fiscalização do Ibama. Em São Paulo, a carga foi armazenada em um galpão antes de ser entregue à PF.

- Este carregamento ilegal nunca seria identificado pelas autoridades porque estava com documentos legais - denuncia Rebeca Lerer.

Segundo o Greenpeace, o mercado brasileiro consome 64% da madeira extraída da Amazônia-apenas São Paulo responde por cerca de 15% deste total. O presidente do Ibama, Marcus Barros, declarou recentemente à imprensa que 90% da madeira amazônica têm origem ilegal. Ainda segundo o Ibama, são emitidas mais de 1 milhão de ATPFs por ano na Amazônia Legal. A operação do Greenpeace revela que muitas vezes esses documentos oficiais são usados para legalizar madeira ilegal.

Em maio de 2003, o Greenpeace lançou o programa Cidade Amiga da Amazônia, para estimular prefeituras a implementar leis e normas para evitar o consumo de madeira ilegal da Amazônia. Atualmente, 26 municípios brasileiros participam do programa, entre eles São Paulo, Guarulhos, Campinas e Manaus, entre outros.

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