Marcada para iniciar na segunda-feira, a greve dos educadores municipais pode prejudicar o atendimento de cerca de 24 mil crianças, com idades entre 3 meses e 6 anos. A paralisação ocorre uma semana após o início do ano letivo da rede municipal de ensino e pode afetar o funcionamento de 159 Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) e também programas da Fundação de Ação Social (FAS).
Uma manifestação dos educadores, com concentração prevista para as 8 horas da manhã, na Praça Santos Andrade, deve seguir em direção à sede da prefeitura de Curitiba, no Centro Cívico. Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura estão na ativa 3.839 educadores. O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (Sismuc) ainda programa piquetes em frente dos CMEIs Nice Braga, no Santa Quitéria, e Irmã Dorothy Maestang, no Boa Vista.
Os educadores querem receber salários iguais aos dos professores contratados pela prefeitura de Curitiba que possuem a mesma formação ensino médio completo. Atualmente, um educador em início de carreira recebe R$ 694 mensais. Os professores municipais que atuam na rede pública com formação equivalente ganham um salário de R$ 596,24 para trabalhar metade desta jornada, ou seja, quatro horas por dia. O salário reivindicado pela categoria dos educadores é de R$1.194,48.
Desde o ano passado, a Lei Municipal n.º 12.083, de 19 de dezembro de 2006, passou a exigir dos educadores escolares (que atuam nos CMEIS e escolas municipais), em início de carreira, a conclusão de curso profissionalizante do magistério, além do segundo grau completo, que era requisito básico para a ocupação do cargo, conforme legislação específica anterior. De acordo com a presidente do Sismuc, Irene Rodrigues dos Santos, a categoria está desmotivada. "Estão exigindo formação porém sem valorizar a educação", diz.
Em nota de esclarecimento público a Secretaria Municipal de Recursos Humanos informou que a administração municipal investiu em aumento no quadro profissional, reajustes salariais, cursos de qualificação, melhorias na infra-estrutura dos CMEIs e a implantação do Plano de Cargos e Carreiras para os Educadores, a partir deste ano, além de fazer a aplicação de gratificações.
O secretário municipal de recursos humanos, Arnaldo Bertone, ainda esclarece que a prefeitura está aberta para negociar e que a data-base dos educadores conta com rodadas de negociações a partir de março. "São categorias diferentes [educadores e professores]. Não tem propósito esta reivindicação. A greve é um instrumento de última instância, não é o caso de propor isso agora se temos condições de estar negociando", diz.
Na saída da CMEI Nice Braga, ontem, os pais de alunos ficaram surpresos com a notícia da paralisação. A artesã autônoma Lilian Toniolo, 33 anos, diz que ficará com a rotina complicada caso as aulas sejam suspensas. "Terei de parar de trabalhar para ficar com meus dois filhos", ressalta. Da mesma preocupação compartilhava a decoradora autônoma Roseli Menegusso, 40 anos. Sua filha Sara, 5 anos, está há dois anos e meio no CMEI. "Nunca teve greve aqui. A maioria dos pais depende da escola. Não tenho como pagar para alguém ficar com ela", reclama. A vice-diretora do Nice-Braga, Dirlei Vieira, ressalta que o atendimento não será prejudicado. "Temos professores em todas as salas de aula e um grupo de educadores vai estar trabalhando", diz. Segundo a educadora Caroline Machado, 23 anos, cerca de 90% dos 20 educadores que atuam na instituição vão aderir à greve. "A ameaça vem de todos os lados mas nossa reivindicação é constitucional", afirma. O Secretário Bertone ressalta que se a paralisação trouxer prejuízos ao atendimento pública a prefeitura pode tentar solucionar a situação por meios judiciais. "Temos um dever, que é atender bem a população", diz.
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