Aliados do ex-governador Geraldo Alckmin iniciaram o dia seguinte ao anúncio da sua escolha para a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo em campanha aberta para que ele retorne ao Palácio dos Bandeirantes, em 2010. Representantes do grupo de Alckmin deixaram de lado a cautela do agora secretário - que na posse evitou falar em política - e assumiram a postura de cabos eleitorais.

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"O Geraldo é um nome fortíssimo para a sucessão do governador (José) Serra, o qual deve liderar a campanha do partido e uma ampla aliança para a Presidência da República", disse o deputado federal Duarte Nogueira (PSDB-SP), ex-secretário da Agricultura de Alckmin entre 2003 e 2006.

Pela escolha de Alckmin, Serra foi tratado como "unificador do partido em São Paulo", após o racha durante as eleições municipais de 2008. À época, Alckmin insistiu em ser candidato, enquanto o governador apoiou seu sucessor na prefeitura paulistana, Gilberto Kassab (DEM), reeleito para o cargo. "Serra teve um gesto de respeito ao convidar o Geraldo e de unidade partidária do PSDB em São Paulo", afirmou Nogueira. "Por sua vez o Geraldo mostrou que não há ressentimento", completou o deputado.

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Além da união do PSDB, que pode levar Serra à candidatura a presidente e Alckmin a postular o retorno ao governo paulista, tucanos avaliam ainda ser possível que São Paulo lidere em 2010 uma ampla aliança nacional, com a inclusão do já parceiro Democratas e com a vinda do PMDB. Mesmo com apoio ao PT e ao governo federal, o PMDB já é aliado de Serra no Estado e do DEM na prefeitura paulista.

Já existem até desenhos para acomodar os parceiros e possíveis coligados nas eleições de 2010, com Alckmin na cabeça da provável chapa. O DEM deve cumprir o acordo para eleger Kassab prefeito e abrir mão, para o PMDB, da candidatura ao Senado, o que deve satisfazer os aliados. Com isso, sobrariam ainda duas indicações para os principais cargos eletivos no Estado no próximo ano. O de vice-governador, que poderia ir para o DEM, e o do outro candidato a senador, que ficaria com o PSDB ou até mesmo iria para o PPS, pela sua fidelidade na oposição em Brasília e na base governista em São Paulo.

Chances

Na avaliação do cientista político Humberto Dantas, do Movimento Voto Consciente, Alckmin e seu grupo acreditam que a nomeação para a Secretaria de Desenvolvimento aumenta as suas chances de concorrer ao governo do Estado em 2010. "Não podemos menosprezar a existência de um grupo pró-Alckmin, que, apesar de enfraquecido nas eleições municipais, não aceitaria tão somente uma Secretaria de Estado", apontou.

O especialista lembrou que Alckmin chegou a negar na semana passada a sua intenção de trocar o PSDB pelo PDT para concorrer ao governo. Dantas destaca que a negociação para a nomeação de Alckmin "não era de ontem". "Alguma coisa tem", acredita.

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Entretanto, o cientista político destaca que a medida aumenta o grau de controle de Serra sobre o cenário de 2010 em São Paulo. "Ele (Serra) pode até lançar o Alckmin ao governo do Estado em 2010, mas isso vai depender dele e ele vai ficar mais próximo dessa decisão". Além disso, ele avalia que a presença de Alckmin no governo estadual elimina qualquer possibilidade de o ex-governador entrar no caminho de Serra em eleições futuras.