Um grupo de 14 deputados se reúne na segunda-feira em São Paulo para tentar lançar uma candidatura alternativa à do atual presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), e à do líder governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), para o comando da Casa. O grupo ainda busca um nome de consenso.

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Para Chinaglia, é possível que um dos parlamentares do grupo se sinta tentado a se lançar candidato alternativo, mas ele observa que é preciso que a candidatura tenha força e voto. Segundo o petista, uma nova candidatura pode pôr em risco a estabilidade da Câmara e repetir o efeito Severino Calvanti (PP-PE), azarão eleito em 2005, com a base do governo dividida, num duro golpe para o governo Lula.

- O clima na Casa não favorece candidatura alternativa, que coloca em risco a estabilidade na Casa. Não há espaço para outro Severino - disse o petista.

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O deputado Raul Jungmann (PPS-PE), um dos integrantes do grupo que busca a candidatura alternativa, rebateu o líder do governo. Segundo Jungmann, Chinaglia e Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que tenta a reeleição, têm sérios motivos para se preocuparem com o movimento.

- Chinaglia deveria primeiro olhar ao seu redor. Há um enorme desconforto do presidente Lula e do ministro Tarso Genro com a candidatura dele, que traz de volta figuras como José Dirceu, João Paulo Cunha, Severino Cavalcanti, Marta Suplicy e as quadrilhas do mensalão e dos sanguessugas, tudo o que queremos sepultar - disse Jungmann.

O impasse entre Aldo e Chinaglia se manteve nesta quinta-feira. Aldo afirmou não concordar com uma votação prévia na base aliada para escolher uma candidatura única na disputa . Na quarta-feira, seu adversário, Chinaglia, disse que poderia se submeter a uma eleição prévia, mas Aldo não concorda em excluir a oposição nessa escolha.

Serraglio avisa que não aceita por enquanto. Gabeira é cotado

O primeiro cogitado como alternativa pelo grupo de deputados oposicionistas foi o de Osmar Serraglio (PMDB-PR), mas ele avisou que, por enquanto, não aceita porque seu partido estaria apoiando Chinaglia. Estão cotados também Jungmann, Fernando Gabeira (PV-RJ), José Eduardo Cardozo (PT SP), Júlio Delgado (PSB-MG), Luiza Erundina (PSB-SP), Gustavo Fruet (PSDB-PR) e Roberto Magalhães (PFL-PE).

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- O meu partido está marchando por enquanto com Chinaglia. Então, eu não quero ser um estorvo para o meu partido, pelo menos até o dia 9, quando a bancada vai decidir o que fazer - disse Serraglio, que foi presidente da CPI dos Correios.

Já Cardozo está informalmente apoiando Aldo Rebelo por considerá-lo mais viável. Gabeira, que também está no páreo, não descarta ser candidato.

- Se ninguém quiser, eu topo. Se sobrar pra mim, eu topo, para lançar luz sobre um programa de reconciliação da sociedade com a Câmara. Eu serei um anticandidato. Sei que não terei voto para ganhar porque estou muito queimado lá. Mas se sobrar pra mim, farei o meu trabalho como já fiz outras vezes - disse Gabeira.

PSOL não apoiará candidato de Lula

A Executiva do PSOL já decidiu que o partido não apoiará os candidatos à presidência do Senado e da Câmara que tiverem o apoio do governo Lula. Com esta decisão, fica descartado que o voto do partido no Senado e os três votos na Câmara possam ser dados aos candidatos à reeleição Renan Calheiros (PMDB-AL) e Aldo, bem como a Chinaglia.

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- Para nós é inaceitável a continuidade da promiscuidade e de um Parlamento funcionando como um medíocre anexo do Palácio do Planalto - disse a senadora Heloísa Helena (PSOL-AL).

O partido ainda se reunirá para decidir como será seu voto. O PSOL tanto poderá votar em branco como votar em outra candidatura. Mas a avaliação é de que não há ainda candidaturas alternativas colocadas, nem mesmo a do líder do PFL no Senado, José Agripino (RN).

- Queremos um nome que não seja um braço do governo e que tenha se colocado de forma firme contra a corrupção e contra privilégios aos parlamentares - disse a jornalistas a deputada Luciana Genro (PSOL-RS), acrescentando ter muita simpatia pelo nome de Gabeira.