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Lula tem sido a peça principal do jogo de xadrez que se transformou a reforma ministerial do governo Dilma. | Ricardo Stuckert/ Instituto Lula
Lula tem sido a peça principal do jogo de xadrez que se transformou a reforma ministerial do governo Dilma.| Foto: Ricardo Stuckert/ Instituto Lula

Apesar de o PT ter perdido espaço na Esplanada em função da diminuição do número de ministérios e da ampliação do espaço do PMDB, o grupo ligado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltará para o centro das decisões do governo Dilma Rousseff na reforma ministerial que está prestes a ser anunciada.

Depois de terem sido alijados do Palácio do Planalto na montagem da equipe do segundo mandato, em dezembro, os lulistas voltam agora a dar as cartas. O principal símbolo dessa mudança é a substituição, na Casa Civil, do ministro Aloizio Mercadante por Jaques Wagner, atualmente na Defesa. Essa troca era defendida por Lula desde o ano passado.

Mercadante era o braço-direito de Dilma, e sua transferência da Casa Civil para a Educação é uma espécie de refundação do governo em meio à crise política e à ameaça de um pedido de impeachment que paira sobre o Planalto. Considerado inábil, Mercadante era apontado pelo PT, pelo PMDB e pelos demais partidos da base aliada como uma das principais fontes de problemas na relação do governo com o Congresso.

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Também próximo a Lula, o ministro Ricardo Berzoini (Comunicações) volta ao Palácio do Planalto para assumir a nova Secretaria de Governo, que vai englobar a Secretaria das Micro e Pequenas Empresas, o Gabinete de Segurança Institucional, a Secretaria de Relações Institucionais e a Secretaria Geral. A principal tarefa do petista será a articulação política do governo, função exercida por ele no primeiro mandato de Dilma. Ex-presidente do PT, Berzoini foi ministro da Previdência no governo Lula.

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O triunvirato palaciano se completa com o ministro Edinho Silva (Comunicação Social), que deve permanecer no cargo e também é da confiança de Lula e da cúpula do PT.

O temor de petistas ligados ao ex-presidente é que, devido à proximidade com Dilma, e também à sua personalidade, Mercadante continue a interferir nas decisões do governo, mesmo no Ministério da Educação, e atropele Wagner na Casa Civil.

Buscando vender otimismo e indo na contramão, uma liderança petista próxima a Lula descartou essa possibilidade, confiando no rebaixamento da função de Mercadante: “Não, não chove de baixo para cima, não”.

Em reunião ontem com a Executiva Nacional do PT, Lula disse que a reforma ministerial deveria ter sido feita em novembro do ano passado, ainda na montagem da equipe para o segundo mandato. “ O que ela vai fazer agora deveria ter feito em novembro”, disse o ex-presidente, segundo relato de um dos participantes da reunião. A fala de Lula também indica que o líder petista considera que o partido não deve manifestar contrariedade com a perda de espaço no primeiro escalão.

No final do ano passado, Dilma desagradou a Lula e à cúpula do PT ao tirar do Planalto os então ministros Gilberto Carvalho (Secretaria Geral) e Berzoini, que comandava a Secretaria de Relações Institucionais, ambos da corrente majoritária do partido, a Construindo um Novo Brasil (CNB), e ligados ao ex-presidente. Para seus lugares, Dilma escalou Miguel Rossetto e Pepe Vargas, respectivamente, ambos da corrente Democracia Socialista, minoritária no PT. Eles foram escolhidos por serem da confiança da presidente, embora não tivessem trânsito no partido nem na base aliada.

Pepe, que era responsável pela articulação política do governo, caiu depois de se engajar na campanha derrotada do deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) para a Presidência da Câmara e virar persona non grata do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Já Rossetto, de quem Dilma era próxima desde sua atuação política no Rio Grande do Sul, caiu em desgraça depois ter uma reação considerada desastrada às primeiras manifestações contra o governo, no início do ano.

Mesmo com o PT escalado de volta para o chamado núcleo duro do governo, a insatisfação no partido é grande com a perda do comando dos ministérios da Saúde e das Comunicações — este último, responsável pela discussão sobre a regulação da mídia, uma bandeira do partido. E também com a perda do status de ministério das secretarias das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos.

Defensor da maior participação do PMDB no governo para tentar dar estabilidade à gestão Dilma, Lula tem pedido compreensão aos petistas diante da crise política e alertado para a necessidade de o partido ir para o “sacrifício”. “Vão-se os anéis e ficam os dedos”, disse o ex-presidente a uma liderança do PT.

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