Câmara vota neste domingo (17) o impeachment de Dilma.| Foto: EVARISTO SA/AFP

Um grupo de seis senadores vai propor hoje eleições antecipadas para presidente e vice-presidente do Brasil. A ideia é aprovar uma proposta de emenda à Constituição (PEC) no Congresso para que a escolha ocorra em outubro, juntamente com o pleito para definir os novos prefeitos e vereadores.

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A iniciativa parte de Randolfe Rodrigues (Rede), João Capiberibe (PSB-AP), Lídice da Mata (PSB-BA), Paulo Paim (PT-RS), Cristovam Buarque (PPS-DF) e Walter Pinheiro (ex-PT-BA, agora sem partido). Os quatro primeiros já se manifestaram contra a abertura do impeachment no Senado, que implicaria o afastamento de Dilma por 180 dias, enquanto Cristovam Buarque é a favor e Pinheiro não se posicionou.

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No grupo, contudo, há consenso de que qualquer desfecho do processo não resolverá a crise, tornando-a mais grave e aprofundando a divisão da sociedade. Setores do PT agora também se dizem favoráveis à ideia.

Cristovam Buarque afirma que a solução não envolve somente a aprovação de uma PEC, mas a concordância de Dilma e do vice Michel Temer para evitar que a questão vire um impasse no Judiciário.

“Mesmo que tenhamos dois terços da Câmara e dois terços do Senado (placar necessário para mudanças na Constituição), se eles entrarem no Supremo, pode ser que a corte considere que ferimos uma cláusula pétrea”, explica. “Por isso, reconheço que a nossa proposta tem muita dificuldade”, acrescenta o senador.

O grupo de congressistas, no entanto, vê possibilidade de um movimento nacional pelas eleições “pegar” diante das dificuldades que se apresentam tanto para a continuidade de um governo Dilma quanto para o início de uma gestão Temer, que não se resumem à crise econômica.

A partir de hoje, o PT e seus aliados, incluindo parte dos movimentos sociais, devem iniciar uma investida para desgastar politicamente Temer e seu grupo, que enfrentariam, nessa perspectiva, forte oposição num eventual governo.

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Por outro lado, os obstáculos de Dilma serão imensos mesmo que, ao fim, ela consiga preservar a faixa presidencial, com sua base de apoio esfacelada e vários segmentos da sociedade alinhados por sua saída.

“Tenho a impressão de que estamos votando para escolher qual é o caminho que nós vamos seguir para o abismo, se é com Dilma ou com Temer”, comenta Cristovam Buarque. “Nenhum dos dois lados tem condições de conduzir o país a uma situação melhor. Sem a legitimidade das urnas, eu não acredito”, alega.

O PT debate a possibilidade de coletar assinaturas em uma campanha nacional pela tramitação da PEC eleitoral. A estratégia, chamada de “contragolpe”, é conseguir amplo apoio popular à proposta, pressionando o Congresso a votá-la. Pesquisas de opinião mostram que a rejeição a Temer é tão grande quanto a de Dilma, o que, em tese, ajudaria o movimento a crescer.

Em conversa com jornalistas, a própria presidente admitiu “respeitar” uma solução para a crise que passe pelo voto popular. A solução agradaria não só ao PT, diante do impasse que vive o governo, mas partidos como o PSDB e a Rede, interessados em lançar candidatos.