O grupo formado por oito vereadores da Câmara Municipal de Curitiba que anunciaram formar uma bancada independente começou a desafiar ontem a bancada de apoio ao prefeito Beto Richa. Eles seguraram dois projetos na Comissão de Legislação e Justiça, pedindo vistas a propostas da prefeitura e da direção da Câmara.

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O projeto de resolução da Câmara Municipal regulamenta a quantidade e medida de controle de cargos dos gabinetes parlamentares. É uma formalidade que precisa ser aprovada todos os anos um mês após o início dos trabalhos do Legislativo para confirmar o número de funcionários por gabinete. O vereador Valdenir Dias (PMDB) pediu vistas, alegando que quer estudar o número de cargos e o quanto é gasto com o pagamento desses salários.

Na análise de uma mensagem da prefeitura que fala sobre o programa de reabilitação ocupacional inserido no Plano de Atenção Integral à Saúde, Segurança e Qualidade de Vida do Servidor, o vereador Sérgio Ribeiro (PV) também pediu vistas. Com esse procedimento, o processo fica parado por pelo menos uma semana. Como a base de apoio ao prefeito era constituída de 34 dos 38 vereadores, com maioria em todas as comissões, pedidos de vistas não eram comuns a projetos da prefeitura e da direção da Casa, ainda mais por parte de vereadores da base aliada.

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Além de Dias e Ribeiro, fazem parte da comissão, considerada a mais importante da Câmara, os vereadores Tico Kuzma (PPS) e Pastor Valdemir Soares (PL), que também estão no grupo dos insatisfeitos. Se na análise de alguns projetos os quatro se unirem à vereadora Roseli Isidoro (PT), que é da bancada de oposição, constituem maioria e podem barrar projetos, impedindo o envio direto para votação em plenário.

A ala independente ainda é formada por Beto Moraes (PL), Sérgio Ribeiro (PV), Gilso de Freitas (PL), Luizão Stellfeld (PC do B), e Manassés Oliveira (PPS). Quase todos, com exceção do Pastor Valdemir, são vereadores de primeiro mandato e reclamam de pouco espaço. Eles estariam insatisfeitos com a forma de condução da discussão de projetos por parte do líder do prefeito, vereador Mário Celso Cunha (PSDB), e também com a dificuldade de ter acesso ao prefeito e a ações da prefeitura nos bairros, principalmente da Secretaria de Obras. O secretário de Governo, Maurício de Ferrante, estaria barrando este contato. "Não estamos querendo barganha. É uma questão de democracia. Não concordamos com a forma com que os projetos da prefeitura chegam, a toque de caixa, sem possibilidade de serem discutidos. O grupo quer ter direito a discutir e opinar", diz Pastor Valdemir. Ele que acaba de deixar o primeiro escalão da equipe de governo (era diretor-presidente da Cohab) para ser candidato, diz que os vereadores independentes não temem perder indicações de cargos na prefeitura.

Os insatisfeitos argumentam que o prefeito faz poucas reuniões com a base de apoio, o que era mais freqüente na gestão de Cassio Taniguchi. De acordo com o líder do prefeito, vereador Mário Celso, que também era líder na época de Taniguchi, o grande número de vereadores da base de apoio acaba inviabilizando as reuniões mensais. Mário cobra um posicionamento mais claro dos independentes. "Base independente é oposição, o que precisam é assumir isso", diz.

Na segunda-feira o grupo pretende protocolar uma carta comunicando a formação do bloco, que até lá pode ser formado por 11 integrantes. Também pretendem bater de frente com a atual mesa da Câmara. Querem propor uma mudança no regimento interno da Casa, impedindo a reeleição dos membros da Mesa Executiva.

A reportagem procurou o secretário de Governo Maurício De Ferrante, mas ele estava ocupado com a organização das conferências da ONU sobre Biodiversidade e não podia interromper as reuniões.

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