Os Caça-Haddad
Veja onde a entidade foi atrás do ministro no mês passado
- 12 de agosto, na 1ª Feira Literária de São Bernardo do Campo (SP), na presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
- 16 de agosto, quando participava de um evento na USP, em São Paulo.
- 17 de agosto, em Curitiba, num evento sobre educação, o Sala Mundo.
- 20 de agosto em Brasilândia, Zona Norte de São Paulo.
- 24 de agosto, em Brasília.
Quem são eles
Entidade faz oposição à UNE
A "perseguição" ao ministro Fernando Haddad é pautada pela campanha para que 10% do PIB sejam destinados à educação reivindicação também defendida pela União Nacional dos Estudantes. No entanto, Clara Saraiva, membro da Executiva Nacional da Assembleia Nacional dos Estudantes Livres (Anel), faz questão de diferenciar a posição dos dois grupos. "Para a UNE, os 10% do PIB coroariam a política educacional do MEC. Para nós, é o ponto de partida para a mudança. A expansão da rede federal de ensino foi precária. Faltam bolsas de assistência estudantil, alojamentos para os alunos que vêm de outros estados, restaurantes universitários, além de professores e funcionários. Os câmpus criados no interior também têm problemas", diz.
Não é de hoje que a Anel faz oposição à UNE. Criada em 2008, a entidade nasceu de uma insatisfação de setores do movimento estudantil com o posicionamento pró-governo federal da UNE. Formada por militantes ligados à antiga Coordenação de Lutas dos Estudantes (Conlute) e ao PSTU, a Anel agregou grupos que não estavam mais dispostos a brigar dentro da UNE por uma mudança na direção da entidade. A criação da assembleia foi aprovada no Congresso Nacional de Estudantes realizado na UFRJ, em 2008. Em junho, a Anel realizou o seu segundo congresso, com a participação de 1,7 mil estudantes, sendo 1,1 mil delegados eleitos. A entidade comanda importantes diretórios centrais (DCEs), como os da Universidade Federal do Rio de Janeiro, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, além da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e da Universidade Federal do Pará.
Aonde o ministro da Educação, Fernando Haddad, vai, eles vão atrás. Desde o início de agosto, jovens organizados na Assembleia Nacional dos Estudantes Livres (Anel), entidade que faz oposição à União Nacional dos Estudantes (UNE), promovem o que chamam de "Caça ao Haddad". Nas aparições públicas do ministro, pré-candidato à prefeitura de São Paulo, membros do grupo estão lá: fazem barulho e lhe entregam um manifesto pedindo a destinação de 10% do PIB para a educação e não 7%, como previsto no Plano Nacional de Educação (PNE) enviado pelo governo ao Congresso.
O primeiro encontro dos estudantes com Haddad ocorreu em 12 de agosto, na 1.ª Feira Literária de São Bernardo do Campo (SP), na presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Devido à facilidade de acesso ao ministro, os estudantes resolveram repetir a dose. Para embalar as manifestações, até uma paródia do tema do filme Os Caça-Fantasmas foi criada. "Tínhamos preparado o manifesto e o entregamos a Haddad e Lula nesse evento no ABC. Agora que o ministro é pré-candidato a prefeito de São Paulo, com apoio do Lula, está com uma agenda muito cheia. Vimos que era uma maneira eficiente de pressioná-lo e iniciamos a campanha Caça ao Haddad", explica Clara Saraiva, membro da Executiva Nacional da Anel.
Para pressionar, o grupo não largou mesmo do pé do ministro: em 16 de agosto, quando participava de um evento na USP, ele teve de receber o documento mais uma vez. No dia seguinte, num evento sobre educação em Curitiba, o grupo da Anel repetiu a dose. No dia 20 houve o quarto encontro, em Brasilândia, zona norte de São Paulo. Ao receber novamente o texto, o Haddad comentou, como registrado em vídeo que circula na internet: "Esse documento de novo? Já é a quarta vez que vocês me entregam!". No dia 24, a ação foi em Brasília.
A brincadeira de gato e rato não deve terminar tão cedo. Clara diz que a Anel pretende entregar o mesmo manifesto dez vezes. Ainda faltam cinco. A assessoria de Fernando Haddad informou que ele não se importa com a "perseguição" dos estudantes: considera legítima a iniciativa e que faz parte do jogo democrático.
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