Rio (Folhapress) Num ato de barbárie, cinco pessoas morreram carbonizadas e pelo menos 13 tiveram queimaduras, após ação de um grupo de homens e mulheres que atearam fogo em um ônibus por volta das 22h30 de terça-feira, na Penha Circular (zona norte do Rio). Entre as vítimas estava uma criança de um ano, que morreu no colo da mãe.
A polícia acredita que violência ocorreu em represália à morte de um traficante durante operação da PM horas antes.
O ônibus da linha 350 (que liga o Passeio, no centro da cidade, a Irajá, na zona norte) tinha em todos os bancos ao menos um passageiro, segundo vítimas ouvidas pela reportagem, o que permite calcular entre 30 e 40 o total de pessoas. O ônibus passava pela Rua Irapuá, na altura do número 198, quando duas ou três jovens aparentando 18 anos fizeram sinal para que ele parasse. O ponto de ônibus fica quase na esquina da Rua Pequiri, um dos acessos ao morro do Quitungo. A rua é típica de bairros da classe média baixa do subúrbio do Rio.
As meninas não embarcaram, mas um homem entrou no ônibus e começou a gritar para o motorista, Clóvis de Moraes Pinheiro, 50: "Desce, desce''.
Outro homem entrou gritando para os passageiros: "Rala, rala (gíria para "sai')''.
Despejou duas garrafas pet, de dois litros, de combustível, supostamente gasolina, no chão do ônibus e ateou fogo. Alguns moradores chegaram a se molhar com o combustível.
O motorista Clóvis Pinheiro afirmou que foi arrancado do ônibus e jogado na calçada. Ele afirmou que os criminosos não deixaram que ele abrisse a porta de trás para que os passageiros pudessem fugir.
Clóvis ainda conseguiu ajudar a quebrar o vidro traseiro do ônibus, para auxiliar a fuga dos passageiros.
"Parecia um inferno mesmo. Nunca tinha visto aquilo'', contou o motorista pela manhã, antes de tomar medicamentos que permitiram que dormisse durante a tarde.
O bando criminoso era composto de pelo menos dez pessoas, alguns seriam adolescentes. A polícia afirma ter identificado sete deles, mas não divulgou seus nomes. Ninguém havia sido preso até as 21 horas de hoje.
Quando o fogo começou a se alastrar, o pânico tomou conta dos que estavam dentro do ônibus. Um dos mais desesperados era Rogério Mendes de Oliveira, que estava com a mulher, Vânia da Lúcia Barbosa, 33 anos, e a filha Vitória, 2 anos. Ambas morreram.