Os grupos que estão organizando protestos contra a presidente Dilma Rousseff (PT) no próximo domingo compartilham a insatisfação com o governo federal, mas divergem sobre um pedido de impeachment. Ativos na internet, onde já somam dezenas de milhares de seguidores, esses grupos se dividem entre os que reivindicam para já a adoção dessa medida, contra outros que ainda esperam por um fato que dê margem legal a uma decisão dessa natureza.
Até ontem, havia atos confirmados em 32 cidades no Brasil, além de Boston, nos Estados Unidos, e Sidney, na Austrália, segundo levantamento do Movimento Brasil Livre. A organização, que defende o liberalismo econômico e a participação mínima do Estado na economia, se posicionou a favor do impeachment, segundo um dos seus coordenadores, Kim Kataguiri. “A pauta principal é o impeachment. Já há pareceres jurídicos que embasam isso. Se a presidente não falhou por dolo, falhou por culpa”, diz.
O movimento Vem Pra Rua, que também tem divulgado os protestos na internet, se diz contra o impeachment. Comandado por cerca de 20 empresários, o grupo, que também participou de movimentos contra a Dilma após as eleições de 2014, defende “mais transparência, mais ética, mais iniciativa privada e menos Estado inchado”.
“São grupos diferentes que têm em comum o desejo de mudança e a total insatisfação com o governo Dilma. Mas nós temos opiniões diferentes sobre como fazer essa mudança”, diz o empresário Rogerio Chequer, de 46 anos, um dos líderes do Vem Pra Rua. “Somos a favor de mudanças dentro da Constituição. Entendemos que ainda falta base legal para um impeachment. Mas, se houver, seremos a favor.”
O Movimento Brasil Livre e o Vem Pra Rua são contra intervenção militar, mas admitem que grupos a favor da medida irão aos protestos de domingo.
O panelaço durante o pronunciamento da presidente Dilma anteontem foi ouvido em pelo menos 13 unidades da Federação, principalmente nas capitais — em quatro delas a petista venceu Aécio Neves (PSDB) no segundo turno da eleição de 2014. A maioria das manifestações nas capitais ocorreu em bairros nobres e de classe média, mas não somente neles. No Estado do Rio, houve vaiaço em cidades como Japeri, na Baixada Fluminense, onde Dilma obteve 72,36% dos votos contra 27,64% de Aécio. Japeri tem o 9º pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do estado.
“Era gente gritando e vaiando. Para descobrir o que era, ligamos a TV e a Dilma estava falando. Na hora não gritei, mas concordo plenamente”, disse Nelça Filgueiras, 53 anos, moradora do bairro Chacrinha, em Japeri.
O panelaço de anteontem contra Dilma não foi uma surpresa por ter ocorrido, principalmente em redutos de eleitorados tucano e antipetista, diz Pedro Fassoni, da PUC-SP.
“Essa manifestação aconteceu nos redutos contrários ao governo federal. Basta ver no mapa eleitoral do ano passado. São regiões que votaram no Aécio. E não reflete a opinião da maioria dos eleitores brasileiros”, disse Fassoni.
Impasse sobre apoio a Lula provoca racha na bancada evangélica
Símbolo da autonomia do BC, Campos Neto se despede com expectativa de aceleração nos juros
Copom aumenta taxa de juros para 12,25% ao ano e prevê mais duas altas no próximo ano
Eleição de novo líder divide a bancada evangélica; ouça o podcast