Favorito dentro do PSDB para a vaga de vice na chapa de José Serra à Presidência da República, o presidente da sigla, senador Sérgio Guerra, tem se movimentado para colocar-se fora da disputa. Segundo disse a interlocutores, se aceitasse a indicação, poderia desestruturar as articulações que o próprio tem feito nos últimos meses em âmbito nacional e regional, na qualidade de coordenador da campanha.
Ao se retrair, Guerra facilita as negociações em torno do vice. Já citado nas listas de possíveis vices, o nome do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), por exemplo, ganha espaço dentro do partido, uma vez que não precisa disputar com o presidente da legenda.
Álvaro Dias também tem nas mãos a possibilidade de convencer o irmão, Osmar Dias (PDT), a desistir de concorrer ao governo do Paraná, em aliança com o PT, para ser candidato à reeleição ao Senado na chapa do PSDB. A cúpula tucana avalia que, se Osmar Dias ingressar na aliança tucana, garantiria a Serra, pelo menos mais dois milhões de votos no Paraná.
Sem Sérgio Guerra na lista, no entanto, o mais beneficiado é o DEM. Depois da recusa do ex-governador de Minas Aécio Neves (PSDB) em ser o candidato a vice, o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), passou a pressionar o PSDB pelo direito de indicar o companheiro de Serra na corrida presidencial. A pressão parte de duas frentes. Rodrigo Maia dialoga com Sérgio Guerra em Brasília. Em São Paulo, é o presidente de honra do DEM Jorge Bornhausen, quem negocia o acordo diretamente com Serra.
Serra foi avisado de que basta que a escolha do vice seja do quadro do DEM - não importa o nome do indicado. Mas, corre na frente o deputado José Carlos Aleluia, da Bahia. Vice-presidente do DEM, Aleluia tem bom trânsito em todos os setores da legenda e conta com a admiração pessoal do presidenciável tucano. "Ele sabe argumentar, tem presença televisiva, elevado nível de conhecimento", defende um tucano.
A ex-vice governadora do Pará Valéria Pires Franco também faz parte da lista de possíveis vices caso não saia candidata ao Senado na chapa de Simão Jatene. Conta a favor dela o fato de ser mulher, de ter desenvoltura e experiência política, o que, na visão dos tucanos, falta a Dilma Rousseff.
Há consenso entre democratas e tucanos de que a palavra final é de José Serra e só dele. Segundo um interlocutor, Serra quer alguém que traga unidade à chapa, que tenha estatura política para substituí-lo quando necessário e, sobretudo, que seja de sua confiança. O prazo para registro das chapas na Justiça Eleitoral termina em 5 de julho.
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