Guerra do tráfico cria pânico, deixa mortos e feridos e leva terror a cemitério na Zona Norte

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Uma guerra entre traficantes no Morro da Mineira, Zona Norte, espalhou pânico na região do Catumbi, fez mortos e feridos e provocou caos no trânsito, que se estendeu a diversos bairros da cidade, na manhã desta terça-feira. Traficantes em fuga se refugiaram no Cemitério do Catumbi, onde velórios foram interrompidos e pessoas tiveram que se jogar ao chão para evitar ser atingidas por tiros. O intenso tiroteio durou horas e só cessou às 11h, depois que a Polícia Militar conseguiu controlar a situação no morro.

Pelo menos 13 pessoas, segundo a PM, morreram na favela. Segundo a corporação, quatro morreram em confronto com a polícia e nove na guerra entre traficantes. A PM também informou que 11 pessoas foram presas e que houve a apreensão de oito fuzis, quatro pistolas, uma granada de bocal, uma granada M3, além seis carregadores e munição de pistolas de calibres 9 e 45 milímetros. Três pessoas foram atingidas por balas perdidas nos arredores.

No começo da tarde, recomeçou o tiroteio no morro, que está ocupado por policiais do Bope. Na tarde desta terça-feira, o governador Sérgio Cabral elogiou a ação policial no Catumbi.

Apontado como um dos traficantes que se envolveram no tiroteio no Morro da Mineira, Rafael de Almeida, de 24 anos, deixou o Hospital Souza Aguiar na tarde desta terça. Ele foi baleado nas costas e quebrou o pé, segundo os PMs, quando tentava fugir do Morro. Rafael foi levado para a delegacia da Cidade Nova. Além de Rafael, outros dez traficantes foram presos.

O Túnel Santa Bárbara, uma das ligações entre as zonas Norte e Sul, foi fechado cinco vezes , devido a um acidente envolvendo 11 veículos (que deixou dez feridos) e ao tiroteio. As pistas só foram liberadas, nos dois sentidos, às 11h10m.

PMs revistam casa em que estaria um traficante escondido/ Guilherme Pinto - ExtraTrês pessoas foram atingidas por balas perdidas. Diego Felipe Lima, de 22 anos, ferido no tórax, passou por uma cirurgia no Souza Aguiar e seu estado é estável. Jorge Henrique Cruz dos Santos, atingido na cabeça, dentro de um ônibus, foi levado para o Hospital da PM e passa bem, mas está em observação. O ônibus em que Jorge viajava estava no Elevado 31 de Março, próximo ao Cemitério do Catumbi, na pista sentido Laranjeiras. O feirante Reginaldo da Silva, de 37 anos, morador do Morro da Mineira, está sendo operado no Hospital Souza Aguiar. Ele foi atingido na barriga no início da tarde desta terça, nas proximidades do Túnel Santa Bárbara.

A guerra na Mineira começou por volta das 5h. Traficantes do Complexo do Alemão, Fallet, Formiga e Jacaré tentaram invadir o morro, dominado por uma facção criminosa rival, mas foram rechaçados. Houve intenso tiroteio, assustando moradores que saíam para trabalhar. O morro foi cercado por policiais militares e, por medida de segurança, a Rua Itapiru foi fechada. A decisão provocou grande congestionamento na região.

Cenas de horror no cemitério

Por volta das 9h houve tiroteio dentro do Cemitério do Catumbi. Traficantes se esconderam ali e oito foram presos. Um deles se refugiou numa das capelas, provocando correria no cemitério. A cena foi de terror: funcionários do cemitério e pessoas que velavam os corpos se atiraram ao chão para se abrigar dos tiros. Os quatro sepultamentos marcados para o período da tarde não chegaram a ser suspensos, mas os velórios foram interrompidos.

A internauta Renata Castelo Branco Musse contou, ao GLOBO ONLINE, que o tiroteio foi intenso e deixou as pessoas desesperadas no ônibus em que ia para a faculdade.

"Peguei o ônibus 426 para ir para a faculdade. Quando a gente atravessou o Santa Bárbara, tinha um carinha baleado na perna, sentado no meio-fio. Aí no ponto de ônibus à frente, uma mulher entrou desesperada porque uma bala tinha acabado de acertar um poste ali perto. Tinha um outro cara, um velhinho, baleado também. Era muito tiro, muito barulho! Daí o motorista doido queria entrar na Rua Itaperu de qualquer jeito. Depois desistiu, ao ver as pessoas voltando", contou.

Com os oito presos dentro do cemitério a polícia aprendeu quatro pistolas, um morteiro, três carregadores e um fuzil. Um carro também foi apreendido. Alguns bandidos detidos estavam feridos e sangrando.