Guerra em Paranaguá

"O que se vê acelerar é um retrocesso perto do qual a mesmice seria o menor dos males."

Do principal editorial do jornal O Estado de São Paulo, ontem, criticando Lula e apontando a "sensação igualmente habitual de que o comandante do governo não sabe para onde conduzi-lo."

Guerra é guerra. O capitão dos portos do Paraná, Francisco dos Santos Moreira, vai responder a um inquérito policial-militar porque, segundo a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), está impedindo a dragagem do canal de acesso ao Porto de Paranaguá.

O Palácio Iguaçu divulgou ontem, com indisfarçável tom de vitória, a notícia de que a Justiça Militar atendeu o pedido do governo estadual para apurar se o capitão dos portos deve ou não responder civil e criminalmente por sua decisão de não permitir a dragagem nos moldes em que Appa pretendia.

Ao impedir a realização dos trabalhos, a Capitania, segundo a Appa, seria responsável pelo prejuízo de US$ 15 milhões decorrente da contratação de uma draga holandesa, que acabou dispensada do serviço, mas quer receber o seu. Além disso, a Capitania também estaria contribuindo para manter a crítica situação de insegurança nas operações dos navios que navegam na assoreada baía de Paranaguá – objeto de muita preocupação entre armadores e de reprimendas do Tribunal de Contas da União.

O inquérito tem 40 dias para ser concluído, mas, segundo fontes próximas, o capitão dos portos dorme tranqüilo. O que ele fez, explicam as mesmas fontes, foi não concordar com a dragagem emergencial em forma de "S", perigosa para a navegação, como queria a Appa. E exigiu que fosse em linha reta e de acordo com os estritos parâmetros técnicos de segurança da Normam 11/DPC – um regulamento baixado pelo Ministério da Marinha em 2003, seguindo padrões internacionais, acessível publicamente na internet, pelo site www.dpc.mar.mil.br.

Olho vivo

Esquerda unida... – Boatos de que o ex-prefeito de Curitiba e deputado não reeleito Rafael Greca poderá ser nomeado presidente da Cohapar uniu a esquerda que gravita em torno do também esquerdista governador Roberto Requião. Representantes da facção aprovaram um plano para "inviabilizar a nomeação de conservadores e neoliberais na equipe do governo do estado", segundo nota distribuída à imprensa ontem.

...jamais será vencida? – Rafael Greca foi identificado pelo grupo como símbolo mais evidente da direita e com mais chances de assumir um cargo. Por isso, foi eleito como o primeiro alvo a ser abatido. Mas "outros integrantes de correntes conservadoras e neoliberais" também não estão a salvo da patrulha. Até ontem à noite não se sabia se Roberto Requião estava disposto a obedecer os ditames da pureza ideológica do seu governo.

Sinaleiro 1 – Os milhares de paranaenses que usam a estrada de Garuva devem enfrentar neste fim de semana o drama que já viveram na passagem do ano: enfrentar a fila de carros de até 32 quilômetros e seis horas de tráfego lento – tudo por causa do semáforo que o prefeito mandou instalar na entrada da cidade.

Sinaleiro 2 – Quem enfrentou a situação não sabe que utilidade tem o tal sinaleiro a não ser a de atrapalhar o fluxo do tráfego. E não entende também porque a Polícia Rodoviária não toma providências para evitar o caos, apesar dos apelos dirigidos às autoridades catarinenses. Se a situação se repetir neste fim de semana, prometem alguns influentes usuários da estrada apelar para o governo do Paraná. Consideram que, como a maioria das vítimas é paranaense, que o governo daqui interfira junto ao de lá para desligar o incômodo sinaleiro.