O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, reclamou hoje da demora da Polícia Federal em executar diligências que deveriam apurar o esquema do mensalão do DEM. O esquema de desvio de recursos públicos teve o suposto envolvimento do ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda, que chegou a ser preso. "Tivemos realmente uma série de dificuldades com a Polícia Federal, atrasos de perícias e tudo mais. Ainda há uma série de diligências pendentes, mas a gente espera conseguir resolver isso e ter condições realmente de apresentar a nossa conclusão", disse o procurador.
Gurgel afirmou que, "diferentemente do que dizem alguns", a apuração do esquema é uma preocupação do Ministério Público Federal, que continuará empenhado no caso. Reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, no início do mês, mostrou que há uma crise provocada por divergências entre integrantes do Ministério Público Federal e da Polícia Federal. Policiais reclamaram que o relatório final foi entregue em agosto e apontou Arruda como chefe de uma organização criminosa destinada a desviar recursos públicos. Mas membros do Ministério Público consideraram insatisfatório o relatório. De acordo com procuradores, o documento teria pontos vagos e teria avançado pouco em relação à Operação Caixa de Pandora, na qual foi revelado o esquema.
O procurador-geral da República afirmou hoje que existem "algumas dificuldades grandes" para oferecer a denúncia num prazo curto. Segundo ele, o trabalho depende de algumas diligências da Polícia Federal que demoraram para ser feitas. Indagado sobre quais seriam os motivos da demora da Polícia Federal, Gurgel disse que é alegado um acúmulo de trabalho no Instituto de Criminalística. "Na verdade, a gente entende que já passou do tempo. Evidentemente que já era para estar concluído", disse.
Para Gurgel, a demora é "sempre muito inconveniente para qualquer investigação". Mas ele disse que o Ministério Público não pode se precipitar e oferecer uma denúncia se não tem ainda o suporte necessário. "Aí sim comprometeríamos uma investigação e apuração de fatos que são extremamente graves", concluiu.
Reportagem publicada hoje pelo jornal O Estado de S. Paulo informou que disputas políticas afetam as ações da Polícia Federal. A taxa de abertura de novos inquéritos caiu pela metade quando comparada à média de investigações abertas em 2010. O problema teria como origem a indefinição sobre nomes para diretorias, o que estaria provocado uma lentidão administrativa no órgão.
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