O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse nesta quarta-feira (16) que é provável que fique com o Congresso Nacional a responsabilidade de investigar se o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, mentiu, em audiência na Câmara dos Deputados, que não conhecia Adair Meira, presidente de organizações não governamentais (ONGs) que tinham convênios de R$ 10,4 milhões com o ministério, e que não viajou em avião alugado por ele pelo interior do Maranhão, em 2009.
Em declarações divulgadas na imprensa, Meira diz que tem contato com o ministro e as imagens mostram que ele esteve com Lupi na mesma viagem ao explicar, em audiência, para parlamentares as denúncias publicadas na revistas Veja sobre uso de avião viagens realizadas no interior do Maranhão em 2009.
"Pela notícia que tive, é algo que se dirige ao Congresso, no âmbito do Congresso, pelo fato de eventualmente ele não ter dito a verdade. O que isso poderia configurar, vai ser apurado pelo Congresso", disse Gurgel, ao deixar sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) esta tarde.
As lideranças do PSDB na Câmara e no Senado protocolaram hoje, na Procuradoria-Geral da República (PGR), uma representação para que o Ministério Público (MP) apure se Lupi cometeu crime de responsabilidade se ficar apurado que mentiu sobre sua relação com Meira.
De acordo com o procurador, os crimes de responsabilidade também podem ser apurados na área penal, mas depende muito do caso. "Por exemplo, crimes de responsabilidade muito frequentes aqui no STF, de prefeitos, têm um contexto de penal". Na situação de Lupi, no entanto, ele acredita que a apuração "provavelmente é algo que se insere mais no âmbito do Parlamento".
Gurgel, no entanto, preferiu não comentar se as denúncias envolvendo o ministro são graves. "A gente tem que analisar os documentos, as notícias dos últimos dias que ainda não chegaram ao MP. Chegando, vai ser analisado. Só posso opinar quando tiver isso em mãos".
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