O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse, nesta quarta-feira (9), que ainda não decidiu se vai investigar ou não o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com base na acusação feita em depoimento pelo operador do mensalão, Marcos Valério, de que o petista teve "despesas pessoais" pagas pelo esquema em 2003. A informação é do blog da jornalista Miriam Leitão, que encontrou com o procurador em Brasília.

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Segundo a jornalista, o procurador disse que ainda está avaliando e, se achar que é o caso de investigar melhor, vai mandar para a primeira instância da Procuradoria, já que Lula perdeu o foro privilegiado. Reportagem do jornal "O Estado de S.Paulo" afirma que a denúncia pode ser apurada pelo Ministério Público Federal em São Paulo, em Brasília ou em Minas Gerais.

No depoimento, Valério disse ainda aos procuradores que o ex-presidente foi informado, em reunião no Palácio do Planalto, das operações financeiras para pagar propina a deputados da base governista e deu "ok". No depoimento, o operador do mensalão afirmou ter sido ameaçado de morte por Paulo Okamotto, hoje diretor do instituto de Lula. E disse ainda que os R$ 4 milhões pedidos por seus advogados foram pagos pelo PT. Segundo o depoimento do publicitário, o pagamento foi "a contrapartida" pela participação dele no esquema.

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Segundo o jornal, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, decidiu encaminhar a denúncia no fim de dezembro, após o encerramento do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF). Logo após as acusações feitas por Valério em depoimento terem sido divulgadas pela imprensa, Gurgel disse que tomaria providências.

O procurador da República que ficar a cargo do caso poderá chamar o ex-presidente Lula para prestar depoimento, assim como Marcos Valério. Segundo informa a coluna de Ancelmo Gois na edição do GLOBO desta quarta-feira, Lula esticou as férias em uma semana e volta na próxima segunda-feira.

O depoimento de Valério foi prestado em Brasília, no dia 24 de setembro, após o Supremo ter condenado Valério a 40 anos, um mês e seis dias de prisão, além de multa de R$ 2.783.800. Ele procurou espontaneamente o Ministério Público na tentativa de conseguir, com as novas revelações, uma redução na pena, por meio da delação premiada.