O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, classificou de "retaliação" o pedido do relator da CPI do Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG), para que ele seja investigado pelo Conselho Nacional do Ministério Público por prevaricação.

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"Se isso vier a se materializar acho que seria uma retaliação", disse Gurgel. O relatório ainda pode ser alterado. O procurador-geral afirmou que as retaliações são habituais aos membros do Ministério Público e que partem de "inconformados" com a atuação do órgão.

O procurador é acusado no relatório da CPI de ter paralisado a Operação Vegas, da Polícia Federal, que descobriu a relação de parlamentares com Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, entre eles o ex-senador Demóstenes Torres (GO).

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Gurgel recebeu a denúncia em 2009, mas só mandou investigar em 2012, quando a CPI já estava em funcionamento. Segundo ele, isso ocorreu porque em 2009, "o quadro que veio ao Ministério Público Federal era limitado essencialmente à questão do jogo". Ele afirmou que o sobrestamento da operação Vegas permitiu que as investigações avançassem e desvendassem o esquema Cachoeira.

O procurador recebeu nesta quinta-feira (22) um pedido de parlamentares do PPS, PSOL, PDT, DEM e PMDB de indiciamento para aprofundar investigações de pessoas que não foram citadas no relatório de Cunha. Foi após receber os parlamentares que concedeu a entrevista. Entre os pedidos de indiciamento estão os governadores Agnelo Queiroz (PT-DF), Sérgio Cabral (PMDB-RJ) e Siqueira Campos (PSDB-TO). Os três teriam relações com o esquema de Cachoeira, segundo a representação. Todos negam.

A iniciativa dos partidos preocupou o PT, que controla a CPI do Cachoeira. O vice-presidente da CPI, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), pediu aos deputados que debatessem antes com a comissão o conteúdo da ação que iriam protocolar. "A representação deve trazer novos elementos para facilitar e para embasar novos procedimentos investigatórios pelo Ministério Público Federal", afirmou Gurgel.