Atritos tornaram Gurgel persona non grata no Congresso| Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo

25 foram os réus condenados no caso do mensalão. Gurgel participou dos quatro meses e meio de julgamento, mas já não estará mais no cargo de procurador para atuar na análise dos recursos, chamados de embargos de declaração, apresentados por todos eles.

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Uma pessoa afável, de trato fácil e que deixou sua marca no Ministério Público. Mas também alguém que se descuidou das relações com os outros poderes e se viu tornar persona non grata no Congresso. No dia 15 de agosto, após quatro anos, Roberto Gurgel deixa o comando do Ministério Público Federal (MPF) como o procurador-geral da República que atuou no julgamento do mensalão e que não soube lidar bem com o Parlamento.

Já tendo atingido o ápice da carreira e com idade para se aposentar, Gurgel não deve ficar muito tempo no MPF depois de deixar o posto. Não terá tempo para atuar no julgamento dos embargos de declaração – um tipo de recurso – apresentados por todos os 25 réus condenados no mensalão. Mas esse processo deverá ficar como a grande marca dele na instituição.

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Quem começou a ação penal 470 – o processo do mensalão – foi seu antecessor no cargo, Antonio Fernando de Souza. Mas foi Gurgel quem fez as alegações finais e atuou no caso por quatro meses e meio quando levado a julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O processo e a falta de habilidade política de Gurgel o transformaram em alvo. Entre erros e acertos, os ataques feitos por políticos, sobretudo parlamentares do PT, tornaram-se rotina.

Polêmicas

Não foram poucas as polêmicas em que o nome de Gurgel apareceu. Sua atuação no mensalão, quando defendeu a condenação da maioria dos réus, rendeu tanto elogios como críticas. A demora em pedir a abertura de inquérito contra o ex-senador Demóstenes Torres (DEM-GO), mais de dois anos depois de tomar conhecimento dos primeiros indícios de irregularidade, teve bastante repercussão em 2012, durante a CPI do Cachoeira. O parlamentar foi acusado de pôr o mandato a serviço do bicheiro. Collor e o PT tentaram inclusive levá-lo a depor no Congresso e o acusaram de só tomar providências após o caso ganhar destaque.

Em 2011, pouco antes de ser reconduzido pela presidente Dilma Rousseff ao cargo, também gerou polêmica o parecer contrário à abertura de investigação para apurar o enriquecimento do ex-ministro da Casa Civil Antonio Palocci. Em 2013, faltando poucos dias para a eleição da Mesa Diretora do Senado, Gurgel apresentou denúncia contra Renan Calheiros (PMDB-AL), o candidato favorito que viria a se eleger presidente da Casa. Já atacado pelo PT, ele acabou desagradando também ao PMDB.

A reportagem tentou falar com Gurgel, mas ele disse que não poderia dar entrevista.

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