(Folhapress) Apesar de reconhecer erros cometidos por dirigentes do PT, o chefe do Núcleo de Assuntos Estratégicos (NAE), Luiz Gushiken, afirmou ontem, na CPI dos Correios, que "forças da direita" estão se aproveitando da atual crise para fazer disputa política. Ele não aceitou acusações de corrupção contra o governo e chegou a bater boca com parlamentares.
Ex-ministro da Secretaria de Comunicação de Governo (Secom), Gushiken negou ter influência nas decisões de investimento dos fundos de pensão, embora tenha reconhecido proximidade com os dirigentes das duas maiores entidades de previdência do país: Petros (Petrobrás) e Previ (Banco do Brasil).
Gushiken admitiu ter indicado Wagner Pinheiro para a presidência da Petros e disse que é amigo e que costuma conversar com o presidente da Previ, Sérgio Rosa.
A briga entre os fundos de pensão e o Opportunity em torno do controle da Brasil Telecom foi um dos pontos altos do depoimento.
Gushiken alegou ter interesse em se informar sobre os desdobramentos do conflito, que afirma ser a "maior disputa societária da história do capitalismo brasileiro", porque foi alvo de "espionagem".
Conforme a Folha de S. Paulo publicou no ano passado, o banqueiro Daniel Dantas (dono do Opportunity) contratou a empresa Kroll para investigar integrantes do governo ligados aos fundos de pensão, entre os quais Gushiken.
O senador Heráclito Fortes (PFL-PI) disse que Daniel Dantas teria contratado a Kroll a pedido do Citibank (também acionista da Brasil Telecom) e que o governo não atacava a instituição americana porque os fundos de pensão se associaram a ela para destituir o Opportunity do controle da tele, o que ocorreu em abril deste ano.
"O senhor tem se notabilizado como um grande defensor do empresário Daniel Dantas", disse Gushiken.
Nos bastidores do governo, o ex-ministro sempre trabalhou a favor dos fundos de pensão contra os interesses de Daniel Dantas na Brasil Telecom.
Depois de afirmar que não tinha problemas pessoais com o banqueiro e que não iria fazer juízo de valor sobre ele, leu manchetes de uma série de reportagens negativas sobre Dantas, como o indiciamento pela Polícia Federal por formação de quadrilha no caso Kroll.
Gushiken minimizou a ingerência da Secom, pela qual era responsável, na área de publicidade das estatais.
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