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A renúncia do deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) de sua vaga no Conselho de Ética provocou reações dos demais conselheiros, que viram na decisão uma estratégia do PSDB para garantir um voto a favor de Roberto Brant (PFL-MG). Fruet alegou incompatibilidade com o trabalho na CPI dos Correios. Como ele faz parte da CPI dos Correios, em cujo relatório Roberto Brant foi citado como um dos envolvidos no esquema do valerioduto, o tucano ficaria em situação constrangedora se agora votasse pela absolvição do pefelista, que recebeu uma doação de R$ 102 mil da Usiminas, por meio da agência de publicidade do empresário Marco Valério SMP&B, na campanha à Prefeitura de Belo Horizonte em 2004. O dinheiro não foi declarado à Justiça Eleitoral.

O deputado Jutahy Magalhães Junior (BA) admitiu que a liderança do PSDB conversou com vários parlamentares para ocupar a vaga de Fruet, mas negou que tenha concordado em votar a favor de Brant por pressão do partido. Jutahy disse que votou de acordo com sua convicção e saiu em defesa do pefelista, afirmando que o caso dele não é igual ao do ex-deputado José Dirceu (PT-SP).

- Eu vim só para votar nesse processo, mas a minha convicção é de que ele não cometeu nada que fira a conduta ética. Se for condenar o caixa dois, tem que condenar todo mundo - afirmou.

Jutahy disse que no caso de Brant foi uma empresa privada que o procurou para fazer a doação e por isso não entende que o erro tenha sido do parlamentar. Segundo ele, o dinheiro doado a Brant tem origem conhecida, o que não seria o caso do esquema do PT.

- Ele não cometeu erro e se cometeu algum, foi menor. O Brant não está nesse esquema montado pelo PT - afirmou.

O líder do PSDB, Alberto Goldman (SP), disse que "é impossível pensar que o Congresso tire do seu convívio" pessoas como Brant.

- O Congresso ganha com o convívio com ele. O dinheiro é privado e não tem relação com o valerioduto - afirmou.

O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) discordou dos tucanos e disse que José Dirceu foi cassado por ter participado de um esquema de repasse ilícito de dinheiro que envolvia outros partidos, inclusive o PFL de Brant.

- Pela primeira vez o interesse partidário, de alianças, foi mais forte. Ninguém nega no outro polo, o da esquerda, as qualidades do deputado José Dirceu, mas ele foi cassado por ter participado de um esquema de repasse ilícito de dinheiro e os tentáculos do valerioduto atingem também outros partidos, como PSDB e PFL - afirmou.

O PSDB ainda não escolheu um substituto definitivo para assumir a vaga de Fruet. A expectativa é que na votação do relatório do processo que recomenda a cassação do mandato do deputado Professor Luizinho (PT-SP) o deputado Mendes Thame (SP) represente o partido.

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