Porto Alegre (AG) – As denúncias já conhecidas ainda não são tudo. Há mais coisas por vir, revelou ontem em Porto Alegre, sem dar maiores detalhes, o ministro da Educação e presidente nacional do PT, Tarso Genro, para quem a direção anterior "terceirizou" as finanças do partido. "Muitas coisas" ainda vão aparecer, reconheceu ele, observando que a sucessão de acontecimentos está deixando o presidente Lula "atônito". Mas mesmo assim Tarso ainda acredita que é viável a candidatura à reeleição.

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"O presidente está cada vez mais atônito com os acontecimentos que vêm se sucedendo. Isso gera uma certa dificuldade nos movimentos do presidente. Mas ele tem dialogado com a nação, ele tem orientado os seus ministros, ele tem discutido com as lideranças e ele quer, sobretudo, que tudo seja esclarecido, para que o governo possa navegar até o fim com tranqüilidade e, neste momento, sequer está pensando em sua reeleição", disse Tarso.

Tarso, porém, destacou que o presidente tem uma "postura em relação à crise", defendendo a apuração completa do que ocorreu, mas assinalando que o momento ainda é de "impasse".

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"Muitos acontecimentos políticos ainda ocorrerão no país e trarão muitas surpresas, nos próximos dois a três meses", disse Tarso, que também acrescentou: "Vamos colher duros frutos no próximo período. Vamos colher frutos amargos".

Impeachment

O ministro e presidente do PT foi categórico ao afirmar que não há possibilidade de impeachment e que ainda vê chances para a reeleição de Lula.

"A tentativa de impeachment é um direito que a oposição tem. Mas isso não nos exime de dizer que ela não tem qualquer fundamentação, nem jurídica, nem política, nem moral. Portanto, é uma petição sem causa que vão fazer. Poderá alterar um pouco o processo político em curso, mas não haverá impeachment no país", avaliou Tarso, destacando que Lula ainda tem chances na disputa pela reeleição.

"Na minha opinião tem porque o partido vai se recompor e o governo também", acrescentou.

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As ameaças de Marcos Valério no sentido de revelar novas denúncias, disse Tarso, não intimidam o PT e nem o governo.

"Não é uma ameaça, é um favor. O Marcos Valério deve colocar à disposição da justiça, das autoridades, da CPI, todos os documentos, dar todas as informações. Isso nos ajuda não só a sair mais rapidamente da crise, como também verificar quais erros, os equívocos de ilegalidades que foram cometidas por pessoas do partido", destacou.

Justiça

Em relação às dívidas alegadas por Marcos Valério, comentou que o partido precisará verificar sua "pertinência" e sugeriu que o mineiro recorra à Justiça para cobrá-las – "a Justiça é que vai dizer se a dívida é legal ou ilegal".

"Agora temos que renovar e lavar a roupa suja fora de casa, mostrar as nossas entranhas, onde estão os nossos erros e não somente entregar meia dúzia de cabeças na bandeja, como também dizer que métodos de direção, que tipo de gestão política, gestão financeira, gestão técnica, levou a esse descalabro, que chegou ao limite do cidadão tesoureiro do partido, que era da executiva, um colegiado com todas as correntes do partido, esse cidadão impunemente, sem o conhecimento dos demais, praticamente terceirizou as finanças do partido nas mãos de uma pessoa que não tem nenhuma relação conosco e que a maioria de nós sequer conhecia", disse Tarso Genso.

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Mesmo assim, em sua entrevista, Tarso negou-se a defender o afastamento do ex-tesoureiro Delúbio Soares do partido.