• Carregando...

Na semana em que o ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, anunciou que a Polícia Federal está prestes a divulgar suas conclusões sobre a invasão aos sites de governo ocorridas há duas semanas, um grupo de hackers organizados lançou um manual que contraria a lógica de segurança e ensina os governos a abrir seus dados na internet

A comunidade Transparência Hacker, em parceria com o Comitê Gestor da Internet no Brasil e o W3C (consórcio de empresas que trabalham na padronização de dados na internet) estimula, por meio do Manual dos Dados Aber­­tos: Governo, que instâncias governamentais disponibilizem suas informações na rede.

A ideia do documento, destacada logo na introdução, "é explicar como aproveitar o potencial de informações oficiais para permitir a existência de novos serviços de informação, melhorando a vida dos cidadãos e fazendo com que governo e sociedade trabalhem juntos e melhor".

As sugestões dos hackers são similares a itens previstos pela Lei de Acesso à Informação, travada há anos no Congresso, mas não diz respeito a dados sigilosos, e sim a uma espécie de "lado B" da lei, que trata da divulgação e padronização de dados que deveriam ser públicos mas não são.

"Obviamente sou contra o sigilo eterno de documentos. Isso fala muito sobre que tipo de democracia nós somos. Mas essa lei não fala só do passado, mas também do presente e do futuro. A gente não pode embarreirar um projeto de lei por causa dos documentos secretos. É um atraso democrático sem tamanho ela não ter passado", afirma a cyberativista Daniela Silva, membro da Transparência Hacker.

Segundo os hackers, os governos podem criar valores a partir da liberação de dados, porque isso estimularia transparência, controle democrático, participação popular, melhores produtos e serviços privados e mais eficiência de serviços públicos.

Um dos objetivos do manual é mostrar aos governos que a sociedade pode desenvolver ferramentas de internet úteis para o cotidiano das pessoas. Recentemente, Maurício Maia, um dos membros da comunidade hacker criou o projeto "Alagamentos SP", com índices sobre os alagamentos na cidade. Para isso, teve de hackear o site do Centro de Gerenciamento de Emergências da capital, porque o site não disponibiliza as informações de forma adequada. Não permite visualizar, por exemplo, qual a via campeã de alagamentos. No aplicativo desenvolvido, esse cruzamento é possível.

Ricardo Poppi, outro hacker, desenvolveu um site chamado "Xerifes do DF", que cruzou informações do Tribunal Superior Eleitoral para mostrar a votação de cada deputado em cada uma das zonas eleitorais do Distrito Federal. A visualização mostra os "currais eleitorais" de cada parlamentar.

Nos dois casos, os desenvolvedores passaram dias hackeando sites públicos para conseguir as informações, que já são públicas, mas poderiam estar disponíveis de outras formas. Os hackers também querem combater alguns formatos considerados inadequados para a divulgação de informações públicas, como o PDF, e estimular o uso de programas como Word e Excel, como previsto no projeto de Lei de Acesso à In­­formação.

Interatividade

Você acha que o governo deve adotar as sugestões feitas pelos hackers?

Escreva para leitor@gazetadopovo.com.br

As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]