O Hospital das Clínicas realizou o primeiro transplante de uretra no Brasil com matriz acelular, em pacientes com estreitamento do canal (estenose). O primeiro paciente transplantado no HC recebeu 15 centímetros de uretra em um único procedimento, considerado o maior do mundo - o restante dos pacientes recebeu segmentos entre 6 e 12 cm.
O paciente, de 42 anos, já tinha passado por 10 cirurgias, sem perspectiva de cura, e sofria com o problema há 20 anos. A doença se manifesta de diversas formas e pode ser provocada por cirurgias da próstata, por infecção bacteriana, como a gonorréia, por processos inflamatórios crônicos, ou mesmo, pela simples passagem de uma sonda pelo canal com a danificação do mesmo. O estreitamento de uretra afeta 1% da população masculina. O uso da sonda é uma alternativa. Outra é a colocação de sonda na região da bexiga através da parede abdominal, por onde será drenada a urina. Esta sonda deve ser trocada a cada duas a três semanas.
A doença não é fatal, mas causa estresse físico e psicológico intenso. O indivíduo tem sua vida sexual comprometida, vive em estado depressivo, muitas vezes não freqüenta a praia ou pratica esportes. Além disso, convive com o mau cheiro provocado por vazamentos de urina, através da sonda.
Com a nova técnica, desenvolvida pela Faculdade de Medicina da USP e pela Universidade da Califórnia, não há necessidade de compatibilidade com o doador e, conseqüentemente, não é preciso tomar medicamentos para evitar rejeição.
"O método consiste na destruição seletiva das células da uretra do doador cadáver (inclusive do seu DNA) por enzimas específicas, que preservam a estrutura de colágeno e elastina do órgão, a qual é chamada então de matriz acelular. Após 15 dias de tratamento em soluções especiais, a uretra é transplantada no paciente. No período de quatro meses, o órgão é gradativamente repovoado pelas células do receptor, adquirindo todas as propriedades morfológicas e funcionais, de forma ordenada e sem problemas de rejeição. O paciente também não precisa tomar drogas de imunossupressão, apenas antibiótico profilático por poucas semanas após o procedimento", explica o HC.
Este tipo de procedimento, segundo o HC, é indicado para pacientes que já passaram pelos tratamentos tradicionais e não conseguiram a cura. Segundo o urologista Leopoldo Alves Ribeiro Filho, com formação em biologia molecular e engenharia de tecidos, "a estenose de uretra sempre foi considerada o calcanhar de Aquiles da Urologia".
Os testes no HC começaram há dois anos e a técnica foi aplicada em cinco pacientes com lesões uretrais graves e intratáveis pelos meios tradicionais. Todos ficaram curados. Vinte cirurgias deste tipo estão previstas e o sucesso da técnica poderá transformá-la em procedimento de rotina no Hospital das Clínicas.
Boicote do agro ameaça abastecimento do Carrefour; bares e restaurantes aderem ao protesto
Governo Lula impulsiona lobby pró-aborto longe dos holofotes
Cidade dos ricos visitada por Elon Musk no Brasil aposta em locações residenciais
Doações dos EUA para o Fundo Amazônia frustram expectativas e afetam política ambiental de Lula