Nem a gripe que acometeu há poucos dias a presidente nacional do PSOL, Heloisa Helena, impediu a ex-senadora de vencer sua primeira batalha em direção ao apoio da candidatura de Marina Silva (PV) ao Palácio do Planalto. Por treze votos a três, a Executiva Nacional do PSOL deu cartão verde na tarde desta quinta para o início das negociações formais entre a legenda e o PV com vistas para 2010. A proposta de criação de um canal de diálogo com os verdes nasceu do empenho pessoal de Heloisa que, amiga de longa data de Marina, considera a ex-ministra do Meio Ambiente a melhor opção para a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Não tenho dúvida", certificou a ex-senadora. "Não há dúvida de que Marina é a melhor (candidata) para o Brasil", assegurou.
Porta-voz do grupo que defende dentro do PSOL a costura de um acordo entre as duas siglas, Heloísa amarra desde outubro o apoio da legenda àquela que é sua candidata favorita para 2010. Os esforços da ex-senadora tiveram início após a sinalização do ex-governador de Alagoas Ronaldo Lessa (PDT) de que sairia candidato ao governo estadual no ano que vem. A movimentação facilitaria a eleição da presidente do PSOL a uma das duas vagas de Alagoas ao Senado no pleito de 2010. Para tanto, Heloísa aguarda apenas a chancela de seu partido, que deve ser dada em convenção no mês de maio.
"Quem vai decidir o meu destino em Alagoas não sou eu, mas o povo do meu Estado", afirmou Heloísa. "E, em todos os lugares que vou, o povo quer que eu dispute em Alagoas", reafirmou a presidente da legenda, revelando mais uma vez o desinteresse em entrar na corrida ao Palácio do Planalto.
Entre os motivos para não tentar a Presidência da República no ano que vem, a ex-senadora explica que sua eventual candidatura prejudicaria o desempenho de Marina Silva nas urnas. "O que decido ou não é irrelevante. O importante é que não saiam duas candidaturas parecidas, que interajam ao mesmo tempo com o coração e a mente do povo", avaliou.
A última pesquisa de intenções de voto da CNI/Ibope indica que em um cenário com as duas pré-candidatas Marina angaria 4%. Sem a ex-senadora no páreo, as intenções de voto no PV sobem para 8%
"Dentro e fora do partido defendo o apoio à candidatura da Marina pela dignidade humana e pela capacidade técnica que ela demonstra", elogia. A presidente do PSOL esclarece que a amizade entre as duas ex-petistas não tem influenciado em seu apoio à ex-ministra.
"Mesmo se não fosse minha amiga, votaria nela. Ela é absolutamente preparada para administrar esse País. Eu me sinto honrada como mulher e mãe tendo a oportunidade de votar em uma mulher como ela", rasgou em elogios. Heloísa, contudo, fez uma ressalva: "Mas não dou meu voto para qualquer mulher", afirmou, desferindo alfinetada contra a pré-candidata do PT, a ministra Dilma Rousseff.
Decisão
Lideranças do PSOL no Estado apontam que Heloísa não pretende repetir o mesmo erro cometido em 2006, quando disputou a Presidência da República. Na época, ela era apontada como a favorita na corrida ao Senado Federal, vencida pelo ex-presidente Fernando Collor. "Tenho a obrigação de disputar (um cargo no Senado) para mostrar aos meus adversários que Alagoas não é o quintal deles (opositores)", critica a presidente do PSOL.
Outro ponto que tem sido levado em conta na decisão de Heloisa é o potencial eleitoral de uma aliança nacional com o PV. Enquanto o PSOL tem apenas quatro deputados federais da legenda, os verdes contam com dezesseis parlamentares no Congresso Nacional (15 deputados e um senador), o que rende mais palanques regionais aos candidatos do partido e maior tempo televisivo de propaganda eleitoral gratuita.
Na avaliação de lideranças do PSOL, uma eventual aliança em torno da candidatura de Marina Silva responde "da melhor maneira possível" ao projeto partidário traçado por Heloísa quando da fundação da sigla, em 2004. "É a chance do PSOL se capilarizar e crescer a sua participação no País. Uma aliança com o PV é tudo o que Heloísa quer", confidencia um correligionário próximo à ex-senadora.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura
Deixe sua opinião