O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, informou nesta quinta-feira (1) que desistiu de concorrer nas eleições de outubro e que permanecerá no comando da instituição até o fim do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ou seja, até o fechamento deste ano.

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Especulações davam conta de que ele poderia se desvincular do BC para concorrer a uma vaga no Senado Federal por Goiás ou ser vice-presidente na chapa do Partido dos Trabalhadores (PT), que será encabeçada pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Meirelles é filiado ao PMDB.

Essa é a segunda vez que Meirelles abandona suas aspirações políticas. Em 2002, foi eleito deputado federal pelo PSDB, cargo do qual abdicou para comandar o Banco Central na gestão do petista Luiz Inácio Lula da Silva.

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Meirelles está no cargo desde o início do governo do presidente Lula, em janeiro de 2003. Com isso, é a pessoa que ocupa por mais tempo a presidência do Banco Central.

Garantir estabilidade

O presidente do BC informou que permanece no BC para garantir a estabilidade da economia brasileira em um "ano cheio de desafios". "Resolvi atender ao pedido do presidente Lula de permanência. Considerei a opção política como um caminho para continuar trabalhando pela consolidação da economia e da estabilidade de preços, de um ambiente previsível e confiável. Considerei a hipótese da política, mas conclui que poderia colaborar mais ficando no Banco Central", disse Meirelles.

Após o término de seu mandato no BC, Meirelles afirmou que vai "contemplar outras possibilidades". "Mas cada decisão a seu tempo", acrescentou.

PMDB O presidente do BC informou que se fliou ao PMDB tendo em vista uma possibilidade de disputar um cargo de senador em Goiás. "Foi me oferecido a possibilidade de me candidatar a governador, mas decidi não fazê-lo. Fiquei muito honrado com as manifestações da possibilidade de meu nome ser candidato a vice-presidencia. Entendo como homenagem ao trabalho feito no Banco Central", disse ele.

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Questionado se Michel Temer, presidente do PMDB, cotado para ser vice-presidente da Reública ficaria feliz com sua permanência no BC, Meirelles afirmou esperar que ele aprove sua decisão. "Conversei com ele mas quando estava em um processo de análise. Ele não sabe ainda [que permanecerá no BC] porque não conversei com ninguém", disse.

Trajetória

Antes de ser assumir a autoridade monetária, Henrique Meirelles foi presidente mundial do BankBoston, função pela qual se tornou conhecido.

Ele iniciou suas atividades no Banco de Boston em 1974 e se tornou presidente da instituição no Brasil em 1984. Também já foi membro do conselho da Harvard Kennedy School of Government e da Sloan School of Management do MIT (Massachusetts Institute of Technology).

Foi escolhido "Banqueiro Central de 2007" pela revista Euromoney e "Financista do Ano 2008" pela revista Latin Trade. Meirelles é considerado a principal referência da equipe econômica entre os investidores externos.

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Analistas avaliam que ele foi importante para a consolidação econômica do governo então empossado em 2003, que assumiu sob forte desconfiança dos mercados.

Status de ministro

Em 2005, com uma medida provisória, Meirelles foi o primeiro presidente do BC a obter formalmente o status de ministro de Estado. A decisão foi fruto da abertura de um inquérito contra ele, naquele ano, por suspeita de sonegação, lavagem de dinheiro, crime eleitoral e remessa ilegal de dinheiro para o exterior, relativo ao período em que esteve no BankBoston.

Com o status de ministro, o processo acabou indo para o Supremo Tribunal Federal (STF) e, no início de 2007, foi arquivado após o próprio STF negar a quebra do sigilo de contas bancárias usadas por Meirelles.

Em 2010, novo processo foi aberto por suspeita de crime contra a ordem tributária, que Meirelles disse receber com "serenidade". O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, informou, porém, que vai recomendar o arquivamento do pedido de investigação.

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