No Paraná, família de Pizzolato no Brasil evita falar sobre prisão
Agência O Globo
Familiares de Henrique Pizzolato que moram em Toledo (PR) estão reclusos desde que o caso ganhou repercussão internacional. A irmã de Henrique Pizzolato, Sônia Pizzolato, professora universitária que trabalha na Unioeste (universidade pública estadual), pouco conversa com vizinhos e se recusa a dar entrevistas sobre o irmão. Ela mora no bairro Vila Industrial.
No local, vizinhos confirmam que há mais de um mês não há movimentação evidente ou entra e sai de pessoas, diferente da situação encontrada na ocasião em que Henrique deixou o país, no fim do ano passado, quando a movimentação era intensa.
Outra irmã de Pizzolato, Lurdes Pizzolato Grando, servidora pública da Prefeitura de Toledo, se recusa a falar publicamente sobre o irmão, mas relata, em conversas privadas, que está envergonhada de tudo o que está acontecendo. Seu marido, o empresário Delsino Grando, é pai de Fernando Grando, engenheiro da escuderia Ferrari que mora na Itália e onde Pizzolato esteve escondido.
A polícia italiana prendeu o ex-diretor de marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato. Ele era o único dos condenados do mensalão que estava foragido desde a decretação das primeiras prisões, em novembro passado.
Pizzolato fugiu para a Itália, por ter dupla cidadania e, por isso, não pode ser extraditado. Mas, segundo a reportagem apurou, ele está com um documento falso o passaporte de um irmão morto, segundo as informações iniciais. Foi preso por este motivo pelos "carabinieri", a polícia local italiana, na cidade de Maranello (Emiglia Romana, região ao norte da Itália).
A Polícia Federal brasileira ainda não comentou o caso, mas segundo a reportagem apurou já recebeu o mesmo informe. Segundo os dados iniciais, Pizzolato usou o passaporte falso para fugir via Buenos Aires.
Fuga
Condenado a 12 anos e 7 meses de prisão pelo STF (Supremo Tribunal Federal) por seu envolvimento com o esquema do mensalão, o ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato fugiu do Brasil para a Itália em novembro do ano passado.
Um dia após a expedição de seu mandado de prisão, Pizzolato divulgou por meio de seu advogado, uma nota dizendo que havia fugido para a Itália com o objetivo de escapar das consequências de um "julgamento de exceção". Pizzolato disse ter fugido para a Itália em busca de uma chance de conseguir um novo julgamento. Ele foi o único da lista dos 12 condenados no mensalão que tiveram a prisão decretada a não se entregar à polícia.
Além disso, alegou que gostaria de ver seu caso sendo novamente analisado pela Justiça italiana, onde não haveria pressões "político-eleitorais". Devido à sua cidadania, ele estaria em relativa segurança na Itália, uma vez que o país europeu não extradita seus nacionais.
Pizzolato só poderia ser preso se o Brasil conseguisse fazer com que a Justiça italiana abrisse um processo relativo aos crimes do mensalão e, após novo julgamento, o condenasse. Isso tudo, porém, seria algo extremamente difícil de acontecer, segundo especialistas em direito internacional.
Tão logo sua carta foi divulgada, a Polícia Federal incluiu o nome de Pizzolato na chamada difusão vermelha da Interpol, deixando-o na lista internacional de criminosos procurados.
Rota
Amigos do ex-diretor disseram que, para chegar à Itália, Pizzolato teria seguido de carro do Rio de Janeiro até a fronteira com o Paraguai, cruzando-a a pé. Em outro carro teria ido até a fronteira com a Argentina, ingressando também à pé naquele país.
De lá, com um documento provisório, que pode ser emitidos por consulados a alguém que teve seu passaporte extraviado, teria voado para a França e, por fim, sempre segundo informações de seus amigos, teria seguido por terra para a Itália.
Oficialmente, a PF não se manifesta sobre as investigações. No começo do mês, o diretor-geral da corporação, Leandro Daiello, afirmou em audiência na Câmara dos Deputados que o paradeiro de Pizzolato ainda era desconhecido da PF e que ele estava sendo procurado dentro e fora do Brasil.
Segundo policiais ouvidos pela reportagem, de lá para cá não houve grandes mudanças na investigação. Dentro da PF há pelo menos duas visões distintas sobre o processo de localização do ex-diretor.
Um grupo entende que falta um empenho maior nas investigações. Alega que encontrar Pizzolato não é uma das prioridades da instituição e que, caso fosse, seria possível ter chegado ao paradeiro do condenado 43 dias após a expedição do mandado de prisão.
Outro grupo entende que, passados os primeiros dias da fuga, o melhor a fazer é dar liberdade ao fugitivo para que ele se descuide e acabe por deixar um rastro detectável pelas autoridades, o que possibilitaria a descoberta de seu paradeiro. Policiais alegam, contudo, que a espera de um escorregão normalmente é demorada e um descuido pode eventualmente nunca chegar a acontecer.
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