O ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) disse nesta quarta-feira (24) que a herança do governo da presidente Dilma Rousseff para o próximo "vai ser muito adversa, com nós enormes" por conta dos problemas fiscais e de infraestrutura. "É uma herança mais adversa do que a que recebeu, que já era muito adversa", disse.
Segundo ele, a situação econômica em 2014 vai continuar "o mais do mesmo", sem ações para suprir os gargalos de infraestrutura e de outras áreas, como a saúde. "Em vez de consumir o tempo com infraestrutura, consome com satanização dos médicos, com a discussão do plebiscito. O governo joga sempre para piorar as expectativas e isso é impressionante", afirmou, em conferência organizada pela GO Associados.
O ex-governador repetiu a avaliação de que "o que falta hoje no Brasil é governo" e disse não se lembrar de um time "tão fraco" de auxiliares como o atual grupo de ministros. "Lembra-me os seis últimos meses do governo Jango (João Goulart), ou 1992, no governo Collor", disse Serra, citando, respectivamente, o ex-presidente deposto pelo golpe militar e o atual senador, que renunciou. "Chefes de executivo que se cercam por gente mais fraca são uma praga na vida pública. Não dá para pedir bom governo, mas é preciso algum governo", cobrou.
Serra avaliou ainda que a antecipação da campanha eleitoral foi negativa e pediu a unidade grande entre críticos e opositores em 2014, sem citar nomes. "O período precisa ser preenchido com o debate de propostas e menos com candidatura stricto sensu".
Ciclo
Para Serra, o momento atual configura o "fim do ciclo econômico do Brasil", com crescimento agregado traduzido no PIB "moderado e puxado pelo consumo". Segundo ele, os sinais de esgotamento surgiram em 2010, "com pressão da inflação e perspectivas de restrições de natureza externa, apesar do quadro de bonança que se prolongou até 2011". Para o ex-governador, o crescimento é lento com investimentos baixos nos setores público e privado. "O Brasil é um dos países que menos investe em infraestrutura com relação ao PIB", ressaltou. "A produtividade, que depende do investimento, é baixa", afirmou.
Serra lembrou que no período recente houve um crescimento das importações e que a alta nas compras externas "tiveram como contrapartida uma expansão moderada das exportações". O ex-governador e candidato derrotado à Presidência da República em 2010 lembrou ainda da desindustrialização do País, mostrada, segundo ele, pela queda da fatia da indústria de transformação no PIB. "Chegamos a um período recente na proporção de queda semelhante ao período pós-guerra".
Sobre as recentes manifestações que tomaram conta das ruas do Brasil, Serra disse há falta crescente de perspectivas. Para o ex-governador, "há ainda uma perda na qualidade do emprego do País".
O minério brasileiro que atraiu investimentos dos chineses e de Elon Musk
Desmonte da Lava Jato no STF favorece anulação de denúncia contra Bolsonaro
Fugiu da aula? Ao contrário do que disse Moraes, Brasil não foi colônia até 1822
Sem tempo e sem popularidade, governo Lula foca em ações visando as eleições de 2026