Festa da posse de Temer logo foi substituída por semana cheia de controvérsias.| Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O presidente em exercício Michel Temer (PMDB) começou a trabalhar na última sexta-feira (13), um dia depois de tomar posse após o afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT) pelo Senado. De lá para cá, já se acumulam trapalhadas, contradições, medidas polêmicas, manifestações contra o governo e o discurso da “herança maldita” deixada pela presidente afastada.

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Já no dia da posse, o presidente em exercício virou alvo de piadas depois de cair na “pegadinha” de uma rádio argentina. Humoristas ligaram para Temer fingindo ser o presidente argentino Mauricio Macri e conseguiram manter o brasileiro na linha por mais de um minuto. O caso ganhou repercussão nas redes sociais brasileiras.

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O começo do novo governo também foi marcado por polêmicas, como a escolha dos ministros que vão compor o primeiro escalão da administração. Mulheres e negros ficaram de fora da Esplanada, o que gerou discussões sobre a representatividade e diversidade da administração pública escolhida por Temer.

Outra polêmica envolvendo o peemedebista foi a escolha da marca do governo, que trazia uma bandeira desatualizada do Brasil, usada durante parte da Quarta República (1946-1964) e da Ditadura Militar (1964-1985). Segundo o publicitário criador do logo, Elsinho Mouco, quem escolheu a nova marca foi Michelzinho, o filho de sete anos de Temer.

Já no primeiro fim de semana do novo governo, as ruas não deram trégua e pelo menos cinco capitais brasileiras registraram manifestações contra Temer. Durante a exibição de uma entrevista concedida pelo peemedebista ao Fantástico, na noite de domingo (15), quatro capitais registraram panelaços.

Problemas no paraíso

A conquista de apoio popular não é o único de desafio de Temer à frente do governo interino. No Congresso, o clima não é exatamente de lua de mel com os parlamentares, apesar do apoio maciço que os parlamentares deram ao impeachment de Dilma. Na Câmara dos Deputados, pelo menos três “crises” precisam ser resolvidas pelo presidente em exercício: a incógnita em torno do presidente interino da Casa Waldir Maranhão (PP-MA); a escolha do novo líder da base; e o tempo para resolver os impasses e aprovar medidas, em função da proximidade do recesso e das conversas eleitorais.

Já nesta quarta-feira (18), lideranças do DEM, PPS e PSB reagiram à indicação do deputado André Moura (PSC-SE) para liderança do governo. Os deputados dizem que não vão aceitar a indicação. No caso do DEM, os parlamentares já cogitam pressionar os ministros da sigla a entregarem os cargos no governo Temer.

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Uso da mídia

Nos primeiros dias de governo, a equipe de Temer já mostrou que está disposta a uma “batalha na mídia” para combater o discurso do golpe e conquistar apoio popular. Os ministros e o próprio Temer concederam inúmeras entrevistas aos veículos de comunicação do país. A estratégia tem gerado bate-cabeça e controvérsias na mídia, com alguns ministros precisando voltar atrás em algumas medidas anunciadas.

Outra estratégia usada por Temer na primeira semana no poder é o discurso da “herança maldita” deixada por Dilma no governo federal. Além de atingir os congressistas, a intenção é fazer a população tomar conhecimento do “diagnóstico” fiscal. Para isso, Temer pretende anunciar, em comunicado nacional, os problemas encontrados no Palácio do Planalto. O inventário deve incluir os rombos no orçamento, em programas contratados e alguns não realizados, e outros tipos de desmandos ocorridos nos diferentes ministérios.

Temer também precisa lidar com pressões em diferentes setores da sociedade para conseguir recuperar a economia. Uma das propostas, a reforma na previdência, tem gerado polêmicas entre os trabalhadores do país. A volta da CPMF também causa desconforto entre setores da sociedade.

O fantasma da cassação

Outro fator mostra que o governo Temer pode não ser nada tranquilo. O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), liberou na terça-feira (17) para julgamento no plenário da Corte a ação que pede a abertura de processo de impeachment contra o presidente interino Michel Temer (PMDB). O presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski, agora tem de marcar uma data para o julgamento do caso.

Além disso, o presidente em exercício responde no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) junto com a presidente Dilma a uma ação que pode cassar o mandato dos dois. Nesse caso, uma nova eleição teria que ser realizada para a escolha do novo presidente.

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