O Partido Progressista (PP) pretende assumir a bandeira do conservadorismo no Brasil. Pesquisas qualitativas encomendadas pela legenda indicam que há uma expressiva parcela do eleitorado que ficou órfão com o fim do PFL, que mudou de nome para DEM e acabou diminuindo sua influência. É nessa fatia de eleitores que o PP quer investir para garantir seu crescimento político.
O presidente nacional da sigla, senador Ciro Nogueira (PI), reconhece que o PP poderá enfrentar o estigma de ser classificado como de "direita" espectro ideológico que ficou associado à ditadura militar. O próprio PP é herdeiro da Arena, o partido de sustentação do regime instalado em 1964. A legenda virou PDS durante a democratização e, posteriormente, mudou novamente de nome para PP.
Hoje, porém, a legenda faz parte da base aliada da presidente Dilma Rousseff (PT). "O governo da presidente Dilma nos trata muito bem e com grande respeito. E temos sido um aliado bastante fiel nas votações de interesse do governo. Mas não dá para dizer que pensamos do mesmo jeito que o PT", justifica Nogueira.
A estratégia do PP será conquistar o eleitorado mais conservador. A intenção é colher os frutos dessa estratégia nas eleições de 2018, com o lançamento de uma candidatura presidencial.
"Hoje, esse eleitorado [conservador] acaba votando na eleição presidencial, meio sem opção, no PSDB. Até por conta da antiga aliança deles com o PFL", diz Nogueira. "Mas não existe nenhum partido que fale claramente para esse eleitor conservador. No máximo, algumas legendas pequenas que têm ligação com correntes religiosas."
A ideia é que o PP deixe clara sua posição a favor de temas reconhecidamente polêmicos, mas considerados importantes para a sigla, como a proibição do aborto, redução da maioridade penal e proibição do casamento religioso homossexual. Na economia, a principal bandeira do partido será a ampliação do agronegócio.
Incoerência nominal
Curiosamente, o termo "progressista", que batiza o PP, costuma ser associado em outros países justamente à corrente de esquerda oposta ao conservadorismo.
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