O presidente da Assembléia Legislativa, Hermas Brandão, acredita que esse segundo semestre será muito produtivo para a Casa. Entre os projetos, ele destaca os que propõe incentivos fiscais para estimulação de emprego. Também fala da instalação da TV Assembléia, que deve ser efetivada até o final do ano. Liderança do PSDB, ele fala da preparação do partido para as eleições de 2006.
Gazeta do Povo A Assembléia retoma as sessões plenárias amanhã. O que a população pode esperar em termos de projetos e discussões?Hermas Brandão Neste segundo semestre teremos um grande número de projetos de lei, que hoje tramitam nas comissões permanentes da Casa. A população pode esperar pela continuidade das medidas positivas propostas por parlamentares. Entre os projetos, podemos destacar aqueles que pretendem instituir incentivos fiscais para as empresas que estimularem o emprego de jovens sem experiência profissional e de pessoas com mais de 40 anos de idade. Nessa linha de incentivo fiscal, também há um projeto que obriga o Estado a destinar recursos do ICMS para o Fundo Estadual de Cultura, além de outros que pretendem equiparar as condições de competitividade da indústria paranaense em relação a outros estados, seja no campo ou no setor industrial.
E, com relação à TV Assembléia, como está o andamento do projeto? Hoje a Assembléia Legislativa do Paraná é a única do Centro-Sul do Brasil que ainda não presta contas do seu trabalho em um canal de televisão. O Congresso Nacional aprovou, nos anos 90, uma legislação criando diversos canais de utilidade pública. Assim nasceram a TV Senado, a TV Câmara, a TV Justiça e a TV Assembléia de diversos estados. A TV Assembléia será um canal de utilidade pública porque os paranaenses poderão ter informações diárias sobre o trabalho dos deputados estaduais, mas também será aberto para a participação da comunidade.
Qual o impacto das denúncias envolvendo o governo federal na classe política? É impossível não ficar preocupado com o que a imprensa nos informa diariamente. E a esse sentimento vem se somar a outro que certamente aflige hoje grande parte da sociedade, que é o da frustração. Esperava-se outra postura de um governo que teve 53 milhões de votos, a quarta maior votação na história dos países democráticos. O que o país espera, agora, são respostas claras para cada uma das dúvidas que pairam sobre a administração federal. Se essas respostas não forem dadas, seja pelo Congresso, seja pelo governo do presidente Lula, receio que o imobilismo que toma conta da administração do país acabe contaminando setores importantes da sociedade. É preciso identificar os responsáveis pelas irregularidades e levá-los às barras da Justiça. Do contrário, a sombra da dúvida cobrirá a todos.
E essa "sombra da dúvida" pode contaminar as instituições? Tenho confiança em nossas instituições e acredito que esse processo de purgação por que o ambiente político está passando resultará em controle mais efetivo da sociedade sobre os recursos públicos. É preciso tornar a agenda política do país mais positiva. Precisamos discutir a sério uma reforma política. Sempre fui a favor da fidelidade partidária. Sou contra o financiamento público de campanhas eleitorais. Além disso, é preciso estabelecer mecanismos políticos que mantenham laços fortes entre a comunidade e aqueles por ela eleitos. Nesse sentido, o voto distrital é uma possibilidade. A discussão sobre mudanças nas leis eleitorais é muito importante para alcançarmos um novo estágio na vida política do país.
Como o PSDB está se preparando para a eleição de 2006? O PSDB tem como marca quadros de qualidade. Nossos prefeitos administram cidades onde vivem 2,7 milhões de paranaenses. Beto Richa, prefeito de Curitiba, vem realizando um trabalho fantástico e cumprindo cada um dos compromissos assumidos na campanha de 2004. A bancada estadual do PSDB na Assembléia, liderada pelo deputado Ademar Traiano, tem se colocado a favor de todas as matérias que sejam positivas para o Paraná e contra o que entendemos ser prejudicial a nossa população. O presidente do partido, Valdir Rossoni, vem realizando um grande trabalho em todos os municípios e ainda encontra tempo para liderar a bancada de oposição na Assembléia. Portanto, o PSDB hoje não aceita mais conviver com a idéia de que o partido deve estar a reboque de projetos pessoais. Vai oferecer opções claras e um projeto de qualidade para o Paraná.
Quais são as principais linhas desse projeto partidário? O papel mais importante para o estado em nosso tempo é o de agir a favor da criação de trabalho e renda. Para isso, é necessário estimular mais investimentos nos nossos municípios. Hoje, por exemplo, o Paraná é responsável por cerca de 25% de todos os grãos brasileiros. A maior parte dessa produção é vendida sem que haja agregação de valor. Precisamos transformar parcelas maiores dessa produção aqui mesmo no Paraná, de forma a gerar mais emprego e renda. No campo social, as políticas de estado, sozinhas, não têm se mostrado capazes de promover a inclusão social dos paranaenses. O que vemos são medidas paliativas, que cuidam das conseqüências, mas descuidam das causas dos nossos problemas.
Uma corrente dentro do PSDB defende seu nome como candidato ao Senado pelo partido. Já começou a trabalhar para consolidar sua candidatura? A sabedoria política nos ensina que ninguém pode ser candidato de si mesmo. Um candidato é alguém que deve representar a sociedade, a comunidade pela qual trabalha, sonhos e aspirações coletivas. E isso nasce dentro do partido, que na democracia tem a missão de oferecer conteúdos políticos para a sociedade. O Senado é a Casa legislativa mais importante da República. Lá, os representantes dos paranaenses devem defender os interesses do estado como um todo. Sinto-me preparado para exercer essa função. Mas assumir uma candidatura não é uma decisão que cabe somente a mim. Se entender que devemos apoiar outro candidato, tenha certeza que estarei trabalhando ao lado do nome que o partido escolher.
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