O presidente da Assembléia Legislativa, Hermas Brandão (PSDB), disse que não tem data para colocar em votação o projeto que cria o salário mínimo regional no Paraná e que não vai ceder à pressão para apressar a tramitação da mensagem do governo. A declaração foi uma resposta às críticas do governador Roberto Requião (PMDB), que acusou ontem os deputados de engavetar o projeto.
Na reunião semanal da equipe de governo, Requião disse que os deputados devem votar logo a mensagem para justificar os salários que recebem. A crítica foi direcionada até para a base aliada. "O projeto do salário mínimo está diante do silêncio de todos os parlamentares, inclusive dos que são do Partido dos Trabalhadores e do meu partido", disse Requião. "Esses deputados devem ser punidos no processo eleitoral. É o nepotismo instituído na Assembléia."
O governador acusou ainda os parlamentares de defender os interesses do empresariado e de não conceder o mesmo tratamento a projetos voltados para os trabalhadores. As mensagens que beneficiam empresários, segundo ele, tramitam rapidamente. "Passam na Assembléia como um foguete. Agora proponho que votem o salário mínimo, e o projeto está engavetado, não anda, não tramita. Peço aos deputados que votem de uma vez o salário mínimo, que mostrem de que lado vocês estão."
A postura do governador surpreendeu os aliados. Presente na reunião do secretariado, o vice-presidente estadual do PMDB, deputado Nereu Moura, disse que o governador está generalizando a questão ao criticar todos os deputados e que deve "dar nome aos bois". "Quem define o que entra ou não em votação é o presidente da Assembléia", disse.
O petista Ângelo Vanhoni, um dos mais próximos do governador, justificou que "ninguém está dormindo" na Assembléia e o PT é "parceiro" de Requião. "Se o projeto for colocado hoje em votação vamos aprovar", assegurou.
Segundo o petista, há uma pressão de empresários junto a deputados do PSDB e PFL para que o novo mínimo não entre em pauta. O projeto começou a tramitar em fevereiro, já recebeu parecer favorável de todas as comissões e só depende da vontade do presidente da Assembléia para ser votado, mas Hermas Brandão já avisou que não vai iniciar a discussão da matéria enquanto não fizer uma consulta a todos os segmentos organizados da sociedade.
Além da resistência de boa parte dos deputados, a proposta não é bem recebida por setores empresariais que temem o aumento do desemprego com o novo piso regional. Como não há consenso, o presidente afirma que vai manter o calendário que havia estipulado e só depois do feriadão da semana da Páscoa pretende convocar sindicatos, dirigentes de centrais sindicais, federações ligadas à agricultura e à indústria para discutir o assunto. "A responsabilidade tem que ser dividida. Em vez de aumentar os ganhos dos trabalhadores, corremos o risco de diminuir as vagas no mercado de trabalho."
A idéia do presidente é abrir espaço durante as sessões para ouvir opiniões. "Quero que fique tudo registrado nos anais da Casa porque tem entidade que diz ser favorável para o governador e manda cartinha para mim dizendo que é contra."
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