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Primeira opção era por remoção para cartório de Curitiba

A vaga de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado não era a primeira opção de Hermas Brandão. Titular do cartório de registro de imóveis de Andirá, ele participava de um concurso de remoção para o cartório de protesto de títulos de Curitiba. Como o processo seletivo emperrou na Justiça, ele preferiu aproveitar a indicação para o Tribunal antes que perdesse o prazo legal para assumir o cargo, no fim desta semana.

O desejo de Brandão ganhou as páginas de jornal graças à votação de uma emenda constitucional que alterou a lei dos cartórios no Paraná, durante sessão extraordinária realizada em janeiro. A partir da nova legislação, os titulares de cartórios judiciais das varas de família que serão estatizados não terão mais prioridade de escolha na remoção para outro cartório. Entre os parlamentares, apenas dois eram titulares de cartórios – Caíto Quintana (PMDB) e Brandão.

Como conselheiro do TCE, Brandão receberá um salário de R$ 22.111,00 (90,25% da remuneração de um ministro do Supremo Tribunal Federal). Também terá direito a um carro com motorista e poderá nomear dez assessores pessoais. Além disso, terá direito à aposentadoria compulsória aos 70 anos. "Estou hoje com 63 anos. Ainda sou um guri", brinca o ex-deputado.

O ex-presidente da Assembléia Legislativa, Hermas Brandão, assume o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) na próxima segunda-feira, às 11 horas. Ele preenche o posto que está vago há um ano, desde a morte de Quielse Crisóstomo da Silva. Nos próximos dias, terá de se desfiliar do PSDB e pedir afastamento do cartório de registro de imóveis de Andirá, no Norte Pioneiro.

Um dos nomes mais influentes da política paranaense na última década, Brandão promete sair definitivamente de cena. "Prefiro não opinar mais politicamente. Estou mudo", resume. A decisão deve ter um peso imediato no posicionamento do PSDB no estado.

Até agora, o ex-deputado encabeçava o time dos "tucanos de bico vermelho", ala do partido que apóia o governador Roberto Requião (PMDB). Com ele fora das discussões, a tendência é que o núcleo de oposição ao governador, liderado pelo prefeito de Curitiba, Beto Richa, ganhe corpo. Brandão afirma que não atuará nos bastidores, nem aconselhará colegas.

Vagas

Ao assumir a vaga de conselheiro, uma das sete do TCE, o ex-deputado encerra uma novela que começou no ano passado e teve vários capítulos. O posto é um dos três que são destinados para indicação da Assembléia, por votação entre os deputados. A escolha inicial dos parlamentares, no entanto, era o atual vice-governador, Orlando Pessuti (PMDB).

No quebra-cabeça político da época, Pessuti seria encaixado como conselheiro, abrindo espaço para que Brandão pudesse ser o vice de Requião nas eleições passadas. A montagem já estava pronta, com o apoio oficial do PSDB à chapa do governador, até que uma decisão da executiva nacional tucana proibiu a coligação com o PMDB. Com a reviravolta, Pessuti regressou para o papel de vice e Brandão ficou com o posto no TCE.

Governador

Apesar de ter ficado em segundo plano na disputa eleitoral, Brandão foi governador por pouco mais de dois meses em 2006, no período em que Requião licenciou-se do cargo para dedicar-se à campanha. Foi o auge de uma carreira marcada pelo bom trânsito com dois inimigos – Requião e Jaime Lerner. Antes de ser escolhido como vice do peemedebista, foi secretário de Agricultura e Abastecimento de Lerner, entre 1995 e 98.

"Com essa decisão eu encerro minha carreira política. Até porque estou há 30 anos nessa vida, preciso de novos desafios", ressalta. Em um balanço, diz que deixa como saldo positivo as amizades. "As coisas ruins foram as incompreensões de alguns dos meus atos, principalmente por parte de alguns setores da imprensa."

Como conselheiro, Brandão diz que pretende ser um orientador. "A minha ótica é mais de orientação do que de penalização. Sei que em muito municípios os erros na prestação de contas ocorrem mais pela falta de pessoas especializadas na gestão municipal", define.

O histórico do tucano começou em 1976, quando se elegeu prefeito de Andirá. Depois, ocupou o cargo de deputado estadual por seis mandatos consecutivos. Exerceu as funções de vice-presidente e primeiro-secretário da Mesa Executiva, antes de ser eleito presidente por três mandatos – o último deles encerrado em janeiro.

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