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Atualizado em 10/11/2006 às 22h06

Um homem armado com um revólver 38 manteve, por mais de dez horas, a ex-mulher e passageiros reféns dentro de um ônibus da Viação Tinguá, que faz a linha 499 (Cabuçu-Central do Brasil), na Rodovia Presidente Dutra, na altura de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense ( veja fotos). André Luiz Ribeiro da Silva, de 35 anos, teria tomado a atitude por não aceitar a separação. Ele ameaçou matar a ex-companheira, Cristina Ribeiro, de 36, mas acabou se rendendo à polícia. Todos os reféns foram liberados, e ninguém ficou ferido.

André chegou a dizer, segundo policiais, que se mataria por vergonha de encarar as pessoas depois da divulgação de seu nome como marido traído. Contra André há dois processos na Justiça abertos por Cristina : por cárcere privado e coação.

Segundo o Comandante da Polícia Militar do Rio de Janeiro, coronel Hudson de Aguiar, foi dito a André que se ele matasse a ex-mulher, responderia por uma transgressão muito mais grave. O coronel considerou a operação um sucesso. O seqüestrador entregou a arma e só então os policiais entraram no ônibus para capturá-lo.

- Esse foi um desfecho feliz, em que vidas foram preservadas e ninguém ficou ferido - disse o coronel Hudson de Aguiar - Ele quis resolver de uma maneira desequilibrada um problema conjugal.

Seqüestro foi mais longo que o do ônibus 174

O seqüestro começou por volta das 8h desta sexta-feira e é mais longo do que o do ônibus 174, que há seis anos terminou com duas mortes (do seqüestrador e de uma refém). Ao longo da manhã dezenove pessoas foram libertados. Pouco depois das 15h30m, mais 11 reféns, todos homens, deixaram o ônibus pela janela. Por volta das 18h, mais três deixaram o veículo. Minutos depois, o cordão de isolamento feito pela polícia foi desfeito e os últimos reféns e o seqüestrador deixaram o veículo. Uma passageira contou o que viveu : "Passamos muito medo", disse.

O motorista do ônibus, Flávio Teles Menezes, de 45 anos, contou à reportagem da Rádio CBN que aproveitou uma distração de André para escapar do veículo. Um passageiro assumiu a direção do ônibus até que ele fosse estacionado num acostamento na pista lateral da Via Dutra. Segundo informou a Polícia Rodoviária Federal, o caso foi descoberto porque um passageiro acionou a polícia pelo 190 ao ver o homem entrar armado e violento no ônibus, puxando a ex-mulher.

- Ele entrou arrastando a mulher, espancando e já armado com um revólver calibre 38 - contou o motorista.

Para interceptar o ônibus, a Polícia Militar contou com a ajuda de um motorista de caminhão, que fez uma espécie de escolta do coletivo até que ele fosse levado a um acostamento na Via Dutra. Quando o ônibus parou no acostamento, a polícia isolou a área. A partir daí, a estratégia era levar o seqüestrador a se render pelo cansaço. O pneu do ônibus foi furado e o ar condicionado foi desligado. André Luiz Ribeiro acabou liberando alguns reféns logo depois.

Quando o seqüestro já durava mais de cinco horas parentes de André tentaram convencê-lo a se render. A irmã, o irmão, a mãe e os três filhos de André Luiz foram chamados, mas não conseguiram fazer com que ele se entregasse. Um pastor da Igreja Assembléia de Deus que André freqüentaria ajudou na negociação, com o apoio do ex-pagodeiro e hoje também pastor Wagner Dias Bastos, o Waguinho. Eles também não obtiveram sucesso.

Segundo o coronel Hudson de Aguiar Miranda, comandante-geral da Polícia Militar, o seqüestrador não fez exigências. Ele pediu apenas água para os reféns. O coronel Hudson afirmou que a negociação foi tensa, pois André estava desequilibrado emocionalmente, queria tirar a própria vida e ameaçava a mulher.

Reféns liberados contaram que André alternava o comportamento, sendo num momento mais agressivo e nervoso e no outro mais calmo. A maior parte do tempo, ele manteve o revólver apontado para a cabeça da ex-mulher. De acordo com o coronel Hudson, André não quis conversar com a mãe nem com os parentes que foram ao local.

- Fomos convencendo que não tomasse essa medida. Ele não foi agressivo, apenas com a esposa. Ele ficava corpo-a-corpo com ela e colocava a arma ameaçando-a.

Ônibus invadido

Por volta das 18h20, policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) decidiram invadir o ônibus enquanto negociadores conversavam do outro lado. Os últimos reféns começaram a sair do ônibus pela janela do motorista.

Depois, o seqüestrador foi levado pelos policiais militares até o carro do Bope. Na hora da prisão, ele não reagiu. Por último, a ex-mulher de André Luiz, Cristina, saiu do ônibus e foi levada até uma ambulância do Corpo de Bombeiros.

André foi levado à delegacia de Nova Iguaçu. Ao depor, ele disse que foi movido pelo ciúme.

Três filhos e dez anos de casados

André e Cristina foram casados por dez anos, têm três filhos e seriam primos. Heloísa Ribeiro, cunhada de André, contou que o casal está separado há seis meses porque Cristina não suportava mais o ciúme do marido. Parentes contaram que André não suportou viver distante da família.

Veja as imagens da cobertura do seqüestro do ônibus 499 pelo Globo Mídia Center, na Globo.com

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