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Supla interpretando Mário Lago em cena do filme "Noel, poeta da Vila" | Divulgação
Supla interpretando Mário Lago em cena do filme "Noel, poeta da Vila"| Foto: Divulgação

Chamado de 'vagabundo' pelo prefeito Gilberto Kassab (PFL), o microempresário Kaiser Paiva Celestino da Silva, de 47 anos, tem orgulho de dizer que começou a trabalhar com 9 anos de idade e, aos 15, conseguiu seu primeiro emprego com carteira assinada. Nesta terça-feira, Kassab pediu desculpas pelo descontrole. Ao saber que o prefeito se desculpou, Kaiser chorou.

- Aceito as desculpas dele, sou de paz. Quero trabalhar e viver em paz, nunca agredi ninguém - afirmou, contando que votou em Serra e Kassab na última eleição, com esperança de que os problemas da saúde fossem melhorar.

- Meu protesto não foi político. Não tenho e nunca tive ligações com partidos políticos. Aproveitei para expressar a situação que estou vivendo e pedir ajuda - disse Kaiser, que fabrica faixas, banners, placas e afins.

Kaiser contou que seu primeiro emprego com carteira assinada foi como office-boy, na agência de publicidade Leo Burnett. Dois anos depois, teve de assumir todas as contas de casa e sustentar seus quatro irmãos, além de uma tia.

- Foi quando a minha mãe morreu e eu precisei tomar conta de casa. Meus irmãos eram mais novos e alguém tinha de trabalhar.

Depois disso, Kaiser não parou mais de trabalhar e fazer cursos — apenas de 2000 para cá, fez 15, na área de terceiro setor. Ele só não conseguiu cursar faculdade, mas conseguiu concluir o segundo grau. Seu histórico desmente a afirmação feita anteontem pelo prefeito Gilberto Kassab, enquanto o expulsava da unidade de Assistência Médica Ambulatorial (AMA) de Pirituba, na Zona Norte. O prefeito se irritou com um protesto feito por ele na entrada da AMA e, com empurrões e gritos de "sai daqui!" e "vagabundo!", expulsou Kaiser do local.

Ele diz que foi até a AMA para levar exames de fezes de seus dois filhos, que estão com "vermes", e para tentar arrancar um dente. "Foi uma coincidência encontrar o prefeito. Comecei a protestar porque vi um catador pedindo ajuda para trabalhar. Aproveitei para contar o drama que estou vivendo." Kaiser é dono de uma microempresa de painéis publicitários e, desde que a Lei Cidade Limpa entrou em vigor, tem perdido clientes.

- Minha empresa está quase falindo. Antes (da lei) tirava entre R$ 1.500 e R$ 2.000 por mês. Agora não consigo nem para a comida. O aluguel está atrasado há três meses.

Kaiser mora com a mulher e o casal de filhos, de 5 e 7 anos, num sobrado simples, a duas quadras da AMA da qual foi expulso. A casa foi dividida para abrigar sua microempresa. Todo andar térreo da residência, além de duas salas no superior, foi destinado ao empreendimento. Sobrou para a família um quarto (onde dormem os quatro), o banheiro, a cozinha e um quintal pequeno.

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