A campanha pela anistia do deputado cassado José Dirceu (PT-SP) foi lançada, ainda que de forma discreta, em uma homenagem prestada ao ex-ministro pela ala da Juventude Petista, ligada ao chamado Campo Majoritário, que comanda a legenda.
A homenagem a Dirceu foi realizada no Teatro Jorge Amado, em Salvador, nesta quinta-feira (8), véspera da abertura do 3º Encontro Nacional do PT.
Criticada como inoportuna por vários setores do partido, a campanha pela anistia de Dirceu deve permear o encontro, embora não faça parte da programação oficial.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva estará em Salvador nesta sexta-feira (9) para um jantar em comemoração aos 27 anos do PT.
Em seu discurso no Teatro Jorge Amado, Dirceu não fez nenhuma menção à campanha, que deve ser feita por meio de uma coleta de 1,25 milhão de assinaturas, para que seja apresentado ao Congresso um projeto revogando a cassação do ex-deputado, ocorrida em dezembro de 2005.
Ao final do ato, no entanto, o ex-ministro recebeu de presente um cartaz em que aparece participando de uma manifestação, como líder estudantil, em 1968. Abaixo da fotografia de Dirceu, a palavra de ordem: "Anistia Já!"
"Para bom entendedor, meia palavra basta. Não pode, no Brasil de hoje, alguém ter suas liberdades individuais cassadas", disse o dirigente da Juventude Petista, Juan Pessoa, logo depois que Dirceu recebeu o presente.
Durante a homenagem, foram exibidos documentários sobre a história dos movimentos de esquerda no Brasil e a fundação do PT. Também foi homenageada a militante petista Clara Charff, de 80 anos, viúva do chefe guerrilheiro Carlos Marighella.
"Minha geração deu ao Brasil o que tinha de mais precioso: a própria vida. Hoje temos liberdade, democracia, o governo e uma força social que jamais tivemos antes", disse Dirceu em seu discurso.
"Há uma revolução silenciosa em curso no Brasil, por meio da distribuição de renda e uma mudança nas estruturas sociais", prosseguiu o ex-ministro.
Embora não faça parte da direção nacional do PT, Dirceu está cada vez mais ativo dentro da legenda. Ele prega a organização do partido para se manter no governo além do segundo mandato de Lula.
"Oito anos é muito pouco tempo para fazermos a transformação necessária. O Lula é maioria no país, mas o PT ainda não é." Dirigentes petistas ligados ao Campo Majoritário participaram da homenagem, entre eles a líder do partido no Senado, Ideli Salvatti (SC). Convidado, o governador da Bahia, Jaques Wagner, não compareceu.
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