A quatro dias da festa da homologação da terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, cerca de 150 homens encapuzados e armados com revólveres, espingardas, facões e pedaços de pau, invadiram e tocaram fogo, nesta madrugada, no Centro de Formação e Cultura Raposa Serra do Sol, antiga Missão Surumu, a cerca de 230 quilômetros da capital Boa Vista, segundo informações do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
Uma equipe do Conselho Indígena de Roraima (CIR), que esteve no local na manhã deste sábado, informou ao Cimi que o vandalismo foi coordenado, supostamente, pelo vice-prefeito de Pacaraima, Anísio Pedrosa, e pelo vereador do município e tuxaua da aldeia Contão, Genilvaldo Macuxi. Os dois são ligados ao prefeito de Pacaraima, Paulo César Quartiero, maior produtor de arroz da região. A reportagem não localizou os citados.
A antiga Missão Surumu também foi invadida e depredada em janeiro de 2004. Três missionários foram seqüestrados naquela época e, mesmo a Polícia Federal tendo indiciado arrozeiros e líderes indígenas, até agora ninguém foi punido.
No ataque desta madrugada, as instalações do Centro foram completamente destruídas: igreja, hospital, dormitórios, refeitório masculino e feminino, banheiros, biblioteca, sala e quartos dos professores. Durante a invasão, um professor do curso de Mecânica e cerca de 30 alunos estavam no Centro de Formação. O professor Júlio que trabalha para o Senai, entidade parceira do Centro, foi agredido fisicamente, mas não corre risco de vida.
Um veículo do Convênio do CIR com a Funasa para Atenção Básica à Saúde no Distrito Sanitário Leste de Roraima, que fazia a remoção de um paciente para Boa Vista, também foi interceptado pelo grupo. Os motoristas tiveram armas apontadas para suas cabeças, sofreram humilhações, agressões verbais e o carro foi depredado. O paciente indígena que era transportado foi agredido fisicamente. Após a agressão, um avião foi fretado para remover a vítima.
A Polícia Federal foi comunicada dos acontecimentos e nas primeiras horas da manhã deste sábado enviou uma equipe para o local. Por volta do meio dia, os agentes chegaram em Boa Vista trazendo alunos, professor e lideranças indígenas para prestarem depoimentos.
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