A ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) disse nesta terça-feira (3) que "não pediu" e que foi "legal" a doação eleitoral de uma empresa que mantém contrato milionário com o Ministério da Pesca ao PT de Santa Catarina em 2010 e que beneficiou sua campanha ao governo do estado.
A ministra afirmou ainda que "não pode dizer se foi um equívoco ou não" a compra realizada com essa empresa de 28 lanchas pela Pesca. O Tribunal de Contas da União apontou superfaturamento e direcionamento da licitação para fornecer as lanchas no valor de R$ 31 milhões ao ministério.Ideli nega qualquer relação com a empresa e sustenta que os contratos foram fechados em gestões anteriores.
Ela também afirmou que seria uma "temeridade" não efetivar o pagamento final do contrato. Seus sucessores na pasta, no entanto, afirmam que a doação não deveria ter ocorrido e reconhecem "malfeito" no ministério.
"A doação, já reafirmei várias vezes, minhas contas foram totalmente aprovadas pelo Tribunal Regional Eleitoral, sem qualquer observação. A doação foi feita para o comitê eleitoral do Partido dos Trabalhadores, que repassou recursos para as contas de todos os candidatos. Foi uma doação legal, eu não tive envolvimento nem pedi".
O PT de Santa Catarina controla o ministério desde que foi criado em 2003. Um dos donos da empresa disse ter recebido pedido de doação de um funcionário do ministério nas eleições de 2010.Questionada se não houve um erro na aquisição das lanchas, uma vez que a Pesca não poderia operar, a ministra evitou responder.
"A auditoria do TCU apresenta isso de forma contundente. Os responsáveis à época têm agora 15 dias para apresentar suas defesas e vamos ter de aguardar a decisão final do tribunal mediante as explicações."A ministra disse ainda que não pode se responsabilizar pelo contrato. "Eu não posso dizer se foi um equívoco ou não. Quando cheguei ao ministério, tomei todas as providências no sentido de agilizar que as lanchas fossem utilizadas, entregues, fossem repassadas. Não posso me responsabilizar".
A reportagem apurou que a ministra apresentou na segunda-feira (2) suas explicações sobre o caso a presidente Dilma Rouseff, que retornava de viagem oficial à Índia. A ministra disse que está tranquila e que, se acionada, vai se explicar à Comissão de Ética da Presidência. Também na segunda, o PSDB pediu que ela seja investigada.
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