• Carregando...

A líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), convocou uma coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira para tratar da CPI que vai apurar denúncia de desvio de recursos repassados a ONGs desde 1999, que somam mais de R$ 33 bilhões. Embora frisando não ter ingerência sobre a CPI, a petista disse que a comissão prestará um desserviço à nação se repetir a atuação da CPI dos Bingos e tentar atingir o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo ela, se investigar Jorge Lorenzeti, ex-churrasqueiro do presidente, ou Lurian Cordeiro, filha de Lula, a CPI dará uma mostra de que está tentando chegar ao presidente.

- Se esta CPI tiver como objetivo reproduzir a CPI dos Bingos e só investigar o que porventura atingir o Lula, seu governo e o PT, nós não estaremos prestando um grande serviço a essa nação - disse Ideli.

Questionada se isso não seria uma espécie de cerceamento dos trabalhos da CPI, Ideli respondeu:

- O que não pode é trazer (casos) para a investigação só porque tem, talvez, a possibilididade de chegar ao presidente Lula.

Adiada três vezes esse ano por causa da obstrução governista, a CPI deverá se transformar em mais uma dor de cabeça para Lula e petistas como Ideli. Lorenzetti, por exemplo, é acusado de irregularidades e desvio de parte dos R$ 18 milhões repassados pelo governo à ONG Unitrabalho. Ideli é acusada de ter ligações com a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul (Fetraf-Sul), que segundo a revista "Veja", recebeu R$ 5 milhões para promover cursos de treinamento profissional em 2002.

Mesmo com cuidado, membros da CPI não descartam a possibilidade de as investigações chegarem a Lurian, uma das criadoras da ONG Rede 13, ligada à Unitrabalho. Segundo a CPI dos Bingos, Lorenzetti teria sido indicado pelo presidente para atuar como protetor de Lurian, inclusive saldando cerca de R$ 70 mil de dívidas pessoais da filha. Teriam sido saldadas por Lorenzetti antes da extinção da ONG gerenciada por ela no segundo semestre de 2003.

Governistas não se entendem sobre relatoria da CPI

Apesar de instalada, a CPI das ONGs ainda não tem relator. Em reunião tensa nesta quarta-feira, a única decisão foi a escolha do presidente, o senador Raimundo Colombo (DEM-SC). Ideli vetou o nome de Valter Pereira (PMDB-MS) para relator, atitude que irritou os peemedebistas.

Antes de a sessão começar, o senador Sibá Machado (PT-AC) informou que Ideli indicara Inácio Arruda (PCdoB-CE) para o cargo. Contrafeito, o líder do PMDB, Valdir Raupp (RO), reclamou da "imposição do nome". Para acalmar os ânimos, a escolha do relator e do 1º vice-presidente foi adiada para semana que vem.

- Estava tudo apalavrado. Eu não recuei, mas recuaram por mim. Não aconteceu por causa de meus maus precedentes - disse Valter Pereira, sem confirmar se fazia referência ao fato de ter liderado a rebelião do PMDB que derrubou a MP que criava a Secretaria de Planejamento de Longo Prazo.

- Se falar agora, falo bobabem - limitou-se a dizer.

A idéia do senador Heráclito Fortes (DEM-PI), que propôs a CPI, de levar um bolo para a sessão para "comemorar o aniversário de um ano" da comissão, acabou não indo para a frente. Como a CPI foi instalada antes de ultrapassar o primeiro ano - foi proposta em outubro do ano passado - Heráclito resolveu "economizar o bolo".

O senador prometeu ainda pedir inclusão de 2007 no período de investigação da CPI, que vai de 1998 a 2006. Caso a mudança seja aprovada, as denúncias de supostas irregularidades envolvendo ONGs ligadas à senadora Ideli Salvatti poderiam ser analisadas pela comissão.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]